Quais são os eventuais interesses que os EUA podem ter para promover a mudança de regime na Bolívia?
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as acusações de que os Estados Unidos estiveram na origem da desestabilizações e mudanças de governo na América Latina e no Caribe se tornaram constantes.
Provocação de conflitos internos, invasões militares e vários golpes de Estado figuram na lista de denúncias contra a nação norte-americana na região.
Qual é o interesse dos EUA na Bolívia?
Os Estados Unidos têm diversos interesses na Bolívia. De acordo com o Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (Celag), organização internacional que estuda fenômenos conjunturais na região, os interesses de Washington mais importantes estão relacionados com a ajuda ao desenvolvimento e os recursos naturais que podem ser extraídos do seu território.

Desde o emblemático Plano Marshall (que impulsionou a recuperação da Europa após da Segunda Guerra Mundial), a assistência econômica aos países se transformou em um dos canais de influência mais utilizados pelos EUA. Considerando que os recursos naturais existentes na América Latina são essenciais para o seu próprio desenvolvimento, procurava-se facilitar o acesso às matérias estratégicas para sustentar a economia estadunidense.
A partir do ano 2000, a ajuda aumentou consideravelmente, com a Bolívia ocupando o terceiro e quarto lugares entre os países que recebiam mais ajuda no continente sul-americano, inclusive depois da chegada de Morales à presidência do país. A assistência começou a descer depois de um embaixador estadunidense ser expulso da agência antidrogas DEA em 2008.
Recursos naturais que são escassos nos EUA
A Bolívia está entre os principais países exportadores de antimônio, tungstênio, estanho e boro, dos quais os Estados Unidos carecem, destacam os analistas da Celag.
Em 2015, os EUA eram o destino principal das exportações de minerais da Bolívia, com 28%, em 2017 baixaram para o quinto lugar, com 10,7%.
Boas relações com Rússia e China
Para a Bolívia, as relações bilaterais com Rússia e China são de vital importância, destaca o investigador brasileiro Pedro Marin, fundador do jornal Opera.
21% de suas importações provêm do país asiático, enquanto apenas 7,5% são dos EUA. Entre os anos 2000 e 2014 o comércio bilateral entre China e Bolívia aumentou de US$ 75 milhões para US$ 2.250 bilhões. Pequim se tornou também no principal credor dos bolivianos, de acordo com Marin.
As relações com a Rússia, especialmente no setor energético, também tem estado a crescer. As parcerias incluíram a construção do Centro de Investigação e Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear na cidade El Alto, a segunda maior cidade do país.

Outro aspecto importantíssimo é que a Bolívia é um território-chave no continente, e o governo do partido Movimento para o Socialismo (MAS) não quer que os EUA interfiram nos seus assuntos. Assim afirmou em julho de 2019 o então ministro da Presidência do país sul-americano, Juan Ramón Quitana, ao dizer que a Bolívia voltará a ser uma nação esmagada se retomar plenas relações com os EUA, adianta a Hispan TV.
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