Como bloqueio total dos EUA à Venezuela pode colocar América do Sul em risco?

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A ameaça do presidente norte-americano, Donald Trump, de bloquear a Venezuela poria em risco o equilíbrio da América do Sul e geraria um conflito militar, disse à Sputnik o líder da Revolução Cidadã.

Virgilio Hernández, líder da Revolução Cidadã, movimento político de fato que agrupa os simpatizantes de ex-presidente equatoriano Rafael Correa (2007-2017), disse à Sputnik Mundo que o "bloqueio total da Venezuela afetaria e poria em risco o equilíbrio e as frágeis relações existentes na região".

"Seria uma resposta absolutamente inconveniente. Isso só pode ser pensado como o preâmbulo de uma intervenção muito mais forte, que sem dúvida levaria a um confronto suicida e desequilibraria completamente a situação na região", disse Hernández.

Trump reconheceu na quinta-feira (1) aos jornalistas que está considerando adotar um bloqueio que isolaria totalmente a Venezuela para provocar a saída do presidente Nicolás Maduro.

"Sim, estou pensando nisso", disse Trump quando lhe perguntaram se estava a avaliar um bloqueio ou um isolamento. Hernández disse que isto é um "ataque ao povo venezuelano" que viola a lei internacional.

Agravamento de problemas

Um eventual bloqueio aprofundaria os problemas da Venezuela, cuja solução os EUA dizem pretendem buscar e, em geral, os bloqueios não têm sido uma solução em nenhum lugar do mundo, segundo Hernández.

"É o povo venezuelano que tem que encontrar os caminhos para resolver os conflitos de maneira pacífica pelas vias democráticas, sem condicionamentos ou pressões", acrescentou.

O Centro de Pesquisa Econômica e Política (CEPR) não-governamental dos Estados Unidos estimou em abril que as sanções econômicas de Washington constituem uma "punição coletiva" porque resultaram na morte de 40 mil pessoas entre 2017 e 2018 na Venezuela.

"As sanções reduziram a ingestão de calorias, aumentaram as doenças e a mortalidade e deslocaram milhões de venezuelanos, que fugiram do país como resultado do agravamento da recessão econômica e da hiperinflação (...) Todos esses impactos prejudicaram desproporcionalmente os venezuelanos mais pobres e vulneráveis", disse o CEPR.

Interesse nos recursos da Venezuela

Hernández estimou que nos Estados Unidos há um interesse nos recursos energéticos da Venezuela.

"Os casos do Oriente Médio são bons exemplos de que, quando se propõem bloqueios e possíveis intervenções militares, o interesse é utilizar os recursos naturais do país e colocá-los nas mãos das corporações transnacionais", acrescentou.

A Venezuela sofre uma crise econômica e política que se intensificou em janeiro passado, quando o deputado da oposição Juan Guaidó, apoiado pelos Estados Unidos, se declarou "presidente encarregado".

A partir desse mês, os EUA endureceram suas sanções contra Caracas, adotando medidas precisas para afetar seus negócios petrolíferos e sua capacidade de financiar e emitir dívida. Os Estados Unidos e 54 outros países reconheceram Guaidó, mas Rússia, China, Cuba, Bolívia e Turquia disseram que reconhecem Maduro como o único líder legítimo da Venezuela.

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