Pronunciamento de Mueller divide democratas quanto a mover ou não impeachment contra Trump

CC BY-SA 2.0 / Ted Eytan / "Tudo que estamos dizendo é: dê uma chance ao [processo de] impeachment", lê-se em placa durante protesto em frente à Casa Branca.
Tudo que estamos dizendo é: dê uma chance ao [processo de] impeachment, lê-se em placa durante protesto em frente à Casa Branca. - Sputnik Brasil
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Robert Mueller fez hoje um pronunciamento no Departamento de Justiça dos EUA em que elencou os resultados da investigação sobre a suposta colaboração entre a campanha eleitoral de Trump em 2016 e o ​​governo russo. O relatório não encontrou evidências de conluio, mas também não isentou o presidente de tentativa de obstrução da justiça.

Mueller tentou explicar por que o relatório aponta passos da investigação e não sugere cursos específicos de ação.

"A ordem que me nomeou procurador especial [para o caso de conluio] nos autorizou a investigar ações que pudessem constituir obstrução", disse Mueller na quarta-feira, observando que "se tivéssemos confiança de que o presidente claramente não cometeu um crime, teríamos dito isso. Não o fizemos. No entanto, não podemos determinar se o presidente cometeu um crime".

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Mueller observou ser um entendimento de "longa data" dentro do Departamento, o fato de que um "presidente não pode ser acusado de um crime federal enquanto estiver no cargo. Isso é inconstitucional". O agora ex-procurador observou ainda que "a Constituição exige um processo que não seja na justiça criminal para acusar formalmente um presidente de irregularidades". Em outras palavras: impeachment.

O pronunciamento de Mueller — o primeiro desde que ele assumiu a função de averiguar a relação da campanha de Trump com os russos — causou furor no partido Democrata. O candidato à presidência Cory Booker escreveu no Twitter que "o Congresso tem uma obrigação legal e moral de iniciar imediatamente um processo de impeachment".

Já a congressista Alexandria Ocasio-Cortez disse que Mueller estaria jogando "Taboo" com o Congresso, em referência ao jogo de cartas em que um jogador não pode dizer a palavra que os outros estão tentando adivinhar. "Esta palavra é impeachment", concluiu ela.

Da mesma forma, o presidente do Comitê Judiciário da Câmara, Jerry Nadler disse em um comunicado que "dado que o Conselheiro Especial Mueller foi incapaz de acusar" o presidente, cabe ao Congresso dar uma resposta aos crimes, mentiras e outras irregularidades" alegadamente cometidas pelo republicano. "E nós o faremos”, escreveu.

Não são apenas os democratas a pedirem a cabeça de Trump. Após o pronunciamento de Mueller, o republicano Justin Amash, foi ao Twitter se manifestar sobre a questão. Sem deixar dúvidas do que estava defendendo, o congressista escreveu: "A bola agora está em nossa corte. O Congresso".

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Após o pronunciamento de Mueller, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi repudiou a posição do Departamento dizendo que "ninguém está acima da lei — nem mesmo o presidente".

"O Congresso considera sagrada sua responsabilidade constitucional de investigar e responsabilizar o Presidente por seu abuso de poder. O Congresso continuará investigando e legislando para proteger nossas eleições e garantir nossa democracia", disse ela.

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Nancy, porém, tem sido cautelosa ao tratar do assunto. Em outras ocasiões, a líder democrata se posicionou contra uma abertura de impeachment por considerar que o processo aumentaria a divisão no país e poderia prejudicar seu próprio partido nas eleições de 2020. 

Além disso, são grandes as chances da tentativa de remover Trump do cargo naufragar. Embora seja a Câmara a responsável por abrir o processo (e por lá os democratas são maioria), é no Senado onde o julgamento efetivamente acontece.

O Senado dos EUA é controlado pelo Partido Republicano por uma maioria de 53 a 47. Para que um presidente seja condenado em um processo de impeachment, é necessária uma maioria de 2/3 dos senadores, algo difícil de acontecer dada a popularidade de Trump entre os eleitores republicanos (83% de acordo com o instituto Gallup).

"Eu acho que [um processo de impeachment] seria descartado muito rapidamente. Se for baseado no relatório Mueller, ou qualquer coisa assim, será descartado rapidamente", disse o presidente do Comitê Judiciário do Senado, Lindsey Graham, neste quarta-feira.

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