Qual é estratégia da Rússia em relação à Venezuela?

© Sputnik / Aleksei Nikolsky / Acessar o banco de imagensPresidente russo, Vladimir Putin, com seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro
Presidente russo, Vladimir Putin, com seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro - Sputnik Brasil
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Embora os americanos não tenham conseguido derrubar o governo de Nicolás Maduro, Washington ainda tem bastantes recursos para lidar com o presidente indesejável. A Rússia, por sua vez, continua apoiando o governo venezuelano legítimo. O cientista político russo Gevorg Mirzayan explicou o que está por trás da política russa na Venezuela.

Em seu artigo para a revista Expert, Gevorg Mirzayan sublinha que a estratégia dos EUA na Venezuela se baseia na exploração dos erros da política econômica das autoridades venezuelanas, que possivelmente são agravados por certas ações dos sabotadores americanos.

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Mirzayan revelou que não importa tanto saber o que causou o apagão – a falta de investimentos na infraestrutura ou as ações de hackers ou atiradores – ele já provocou um grande dano à economia do país. Segundo vários dados, cada dia de blecaute custa 200 milhões de dólares para a economia da Venezuela.

Além disso, para atingir o seu objetivo, os EUA usam a pressão internacional e sanções unilaterais, por exemplo, as empresas americanas estão proibidas de negociar petróleo venezuelano (uma parte significativa do petróleo venezuelano é fornecida aos EUA e podia ser refinada apenas nas refinarias especiais dos EUA). A economia venezuelana é fraca, depende das importações e praticamente não tem fontes de ajuda financeira externa.

Entretanto, a Rússia, por sua vez, embora "não planeje financiar o governo de Maduro, finge que está pronta para defendê-lo", sublinhou o analista. Recentemente, dois aviões An-124 e Il-62 das Forças Armadas da Rússia chegaram a Caracas, para além de cerca de uma centena de militares e 35 toneladas de carga.

Moscou declarou que se trata de especialistas militares russos que estão na Venezuela legalmente para participar da manutenção de equipamentos militares russos anteriormente fornecidos a esse país.

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No entanto, Washington dramatizou a situação. Os americanos acusaram a Rússia de "escalada imprudente" da situação. A Organização dos Estados Americanos apoiou os EUA, chamando os militares russos de "instrumento de intimidação repressiva" e criticaram Moscou por cooperar com um "regime usurpador". Conforme o autor recorda, o presidente dos EUA Donald Trump até declarou que "a Rússia deve sair" da Venezuela, acrescentando que todas as opções estão sendo avaliadas.

Mas qual é afinal o objetivo da política da Rússia em relação à Venezuela? Mirzayan afirma que não se trata de salvar o regime de Maduro. 

"Os objetivos são mais globais. O programa mínimo é reforçar o prestígio [da Rússia] nos países do Terceiro Mundo. O programa máximo é forçar os EUA a reverem as relações russo-americanas", disse o analista.

Para Mirzayan, ao proteger a Venezuela de uma suposta ameaça de intervenção, a Rússia está tentando ganhar pontos políticos nos países do Terceiro Mundo e demonstrar que não abandona seus parceiros, mesmo que estes fiquem a quase de dez mil quilômetros de Moscou. 

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"Além disso, mostrando sua prontidão de interferir nos assuntos internos da Venezuela, o Kremlin pode mostrar a Washington que [os EUA] têm recursos limitados, bem como que certos países podem atuar 'nos quintais' dos outros", disse o cientista político.

Possivelmente, esse passo fará com que os EUA se tornem mais prudentes nas suas ações nos países vizinhos da Rússia, por exemplo, na Ucrânia. O analista lembrou a Crise do Caribe, quando a instalação de mísseis soviéticos em Cuba em 1962 fez Washington rever sua decisão sobre a instalação de armas nucleares na Turquia.

Ao mesmo tempo, Mirzayan sublinha que as ações do atual presidente dos EUA, Donald Trump, estão fora da lógica e do padrão de comportamento comuns. Trump age de forma assimétrica, pensando apenas no resultado – não tanto o derrube de Maduro quanto a demonstração a todos os países da América Latina de quem é um verdadeiro dono na região.

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