'Era de esperar': o que está por trás dos planos de Trump de sair do Tratado INF

© REUTERS / Brian C. FrankPresidente dos EUA Donald Trump durante a campanha eleitoral em 2015 com a Bíblia nas mãos
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O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou neste sábado (20) que pretende retirar seu país do tratado INF, acusando a Rússia de violar o acordo. Especialistas comentam as possíveis razões e consequências da decisão.

Para Sergei Oznobischev, diretor do Instituto de Avaliação Estratégica (Moscou), a medida era de esperar e tem uma explicação lógica.

"Isso era de esperar pois nossos analistas notavam há já muito tempo que o Congresso estabeleceu duras condições para a retirada do Tratado INF, estabeleceu um prazo. Agora, é importante que Trump o confirme levando em conta as eleições de meio de mandato [….] No jogo de política interna, Trump precisa assegurar […] posições fortes nas futuras eleições para si e para seu partido [Partido Republicano] no Congresso. Tudo isto vai nesse sentido", explicou o especialista.

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Como a medida é maioritariamente de caráter interno, Oznobischev duvida que esta resulte no deslocamento de mais mísseis pelos EUA.

Há que esperar uma posição dura quanto ao assunto por parte do Ministério da Defesa e das autoridades russas, disse. Mas, acrescenta, Moscou hoje em dia tenta sempre resolver os problemas com os EUA.

O presidente do centro analítico italiano Vision&Global, Graziani Tiberio, também relaciona o passo tomado por Trump com as próximas eleições.

"É preciso levar em consideração o fato de Trump decidir lançar sua ameaça nas última semanas da campanha eleitoral antes das eleições de meio de mandato para o Congresso americano. Além de enviar um sinal à Rússia, o presidente dos EUA, muito provavelmente, pensou também no seu eleitorado", afirmou o cientista político.

No entanto, além das eleições à vista, Tiberio vê o anúncio do líder americano como parte de uma estratégia estadunidense de minar a estabilidade global.

"O recente anúncio de Trump sobre a intenção de sair do tratado com a Rússia corresponde completamente à estratégia americana de minar a estabilidade internacional. Vale destacar que este equilíbrio já é instável, pois estamos no meio da passagem geopolítica para um mundo multipolar ", disse especialista.

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A saída de Washington do tratado, acrescenta, poderá provocar uma corrida armamentista com consequências imprevisíveis para a humanidade.

"Mas tenho a plena certeza que isso afetará economicamente o setor político-militar dos EUA e suas cadeias de fornecedores", concluiu.

Nos últimos anos, as duas potências têm se acusado mutuamente de violar o Tratado INF. O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário foi firmado em 8 de dezembro de 1987 durante a visita do líder soviético Mikhail Gorbachev a Washington.

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