Brasileiro denuncia maus tratos em abrigo para crianças imigrantes nos EUA

© REUTERS / Loren ElliottImigrantes ilegais na fronteira entre o México e os EUA
Imigrantes ilegais na fronteira entre o México e os EUA - Sputnik Brasil
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Antar Davidson de Sá recebeu a ordem para avisar três irmãos brasileiros que haviam sido separados de sua mãe que eles não poderiam se abraçar. Como professor de capoeira, ele trabalhava como voluntário no abrigo Southwest Key em Tucson, Arizona, e não aceitou o pedido.

O abrigo era um dos locais que recebia crianças separadas de seus pais pela política de "tolerância zero" adotada por Donald Trump. Entre abril e junho deste ano, os Estados Unidos resolveram acusar criminalmente quem tentasse entrar no país de maneira ilegal. 

Com o processo, os pais eram separados dos seus filhos. A medida causou protestos e crítica nacional e internacional. Diante da repercussão, Trump recuou e a política foi revogada. Segundo o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), quase 2.000 crianças imigrantes foram separadas à força de seus pais entre 19 de abril e 31 de maio por terem entrado de forma ilegal nos EUA.

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Antar conseguiu acompanhar parte deste processo de perto e diz que era comum que crianças traumatizadas e sem informações chegassem ao abrigo. Ele conta que "nem os trabalhadores do lugar sabiam o que iria acontecer" e que resolveu ajudar na tradução ao encontrar crianças brasileiras detidas sendo atendidas por tradutores que falavam apenas espanhol.

O professor conta que precisou consolar uma criança brasileira que chorava porque entendeu, por causa de um erro de tradução, que sua mãe poderia estar morta.

"Essa organização está ganhando muito dinheiro. O CEO da organização tem um salário US$ 1,5 milhão por ano, que vem dos fundos públicos", diz Antar à Sputnik Brasil.

Segundo o jornal Az Central, a Southwest Key Programs, a ONG responsável pelo abrigo, recebeu US$ 458 milhões em 2018 do Governo Federal dos Estados Unidos para receber as crianças desacompanhadas.

"Eles [a organização] não veem as crianças como pessoas, veem como dinheiro. E com isso eu não poderia concordar", diz Antar, que deixou seu cargo na Southwest Key.

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