Como CIA usou experiência nazista para tentar dominar mentes humanas

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Há 75 anos, a CIA lançou um programa secreto, conhecido como MK Ultra Monarch, com o qual ela procurava aprender a controlar a consciência humana.

Oficialmente, este projeto é considerado o último estudo em larga escala desse tipo nos EUA. No total, os experimentos destinados a desenvolver métodos eficazes de influência sobre a mente humana duraram mais de 20 anos.

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Os norte-americanos se inspiraram nas "conquistas" dos cientistas nazistas para desenvolver o programa. A RT tentou esclarecer como os EUA aproveitaram as receitas do Terceiro Reich.

A herança da Alemanha nazista

A operação Paperclip foi o preâmbulo dos grandes experimentos científicos americanos no âmbito do controle da mente. Na época, os EUA tentaram recrutar cientistas do Terceiro Reich para desenvolver armas nucleares e de outro tipo.

Os norte-americanos reconheciam o potencial da pesquisa multidisciplinar conduzida pelas autoridades alemãs. Assim, imediatamente após o fim das hostilidades na Europa, os serviços de inteligência dos Estados Unidos transportaram ilegalmente mais de 1.700 psicólogos, psiquiatras, físicos e biólogos da antiga Alemanha nazista através do oceano, falsificando suas biografias.

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Blue Bird

O programa de controle mental Blue Bird foi realizado entre 1951 e 1953 e usou as informações sobre técnicas de tortura e métodos de interrogatório implementados pelos nazistas.

Os especialistas procuraram métodos para subordinar a mente de uma pessoa a ponto de executar qualquer ordem contra sua vontade, esquecendo até mesmo o instinto de autopreservação.

Para começar, as pessoas foram privadas de sono, comida e calor por um longo tempo. Na segunda etapa, quando o sujeito já tinha pouco controle sobre suas ações, ele recebia substâncias narcóticas, o que aumentava sua sugestionabilidade.

Deste modo, estas pessoas foram forçadas a realizar certas ações com a ajuda da hipnose. Depois disso, o sujeito experimentava amnésia dissociativa.

Finalmente, na quinta etapa, um sinal especialmente projetado era enviado para que realizasse todas as ações programadas.

Artichoke e MK Ultra Monarch

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Blue Bird, por sua vez, evoluiu para o projeto Artichoke e, mais tarde, o MK Ultra Monarch. O primeiro projeto recebeu o nome do legume favorito do então diretor da CIA, Allen Welsh Dulles, enquanto o segundo deve o seu nome a uma borboleta, uma vez que após um choque elétrico à frente dos olhos aparecem pontos de luz com na forma desses insetos.

No início dos anos 1950, o professor Richard Wendt, presidente do Departamento de Psicologia da Universidade de Rochester, informou às autoridades que ele havia desenvolvido o "soro da verdade", com o qual poderia ser extraída qualquer informação de qualquer pessoa.

Seus principais componentes eram um tranquilizante (Secobarbital) e um psicoestimulante do grupo das anfetaminas (Dexedrina).

As experiências com o soro não funcionaram, mas a perspectiva de criar um meio de controle da mente era muito tentadora para os americanos. Então, Dulles começou a desenvolver o projeto MK Ultra Monarch.

Ao longo do processo, que durou de abril de 1953 até o final dos anos 1960, agentes químicos foram desenvolvidos e testados para influenciar a mente humana.

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Os experimentos foram realizados na clínica psiquiátrica The Allan Memorial Institute em Montreal, Canadá, onde uma atenção especial era prestada aos efeitos dos agentes neuroparalíticos, de todos os tipos e variações de substâncias LSD e psicotrópicas, juntamente com a eletroconvulsoterapia.

Os sujeitos dos experimentos eram pacientes do Instituto com vários distúrbios neuróticos e de ansiedade que nunca conheceram o verdadeiro objetivo dos experimentos. Os cientistas esperavam desenvolver um método para apagar a memória e reformatar completamente a personalidade.

No entanto, após a morte de um dos pacientes do Instituto, o Congresso dos EUA se interessou pela atividade da clínica. Em 1973, a CIA destruiu os principais relatórios do MK Ultra Monarch, então a investigação se encontrou em um beco sem saída. É considerado o último projeto da CIA para o controle da consciência, pelo menos oficialmente.

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No entanto, há cientistas que dizem que os EUA ainda estão tentando influenciar as mentes de seus cidadãos, mas de maneira muito mais sutil.

"Os Estados Unidos desenvolveram um sistema completo de métodos para influenciar as pessoas e pesquisas desse tipo estão florescendo e são muito bem financiadas. Elas são principalmente dedicadas às mudanças no comportamento humano e, em particular, há experiências muito interessantes que visam forçar o consentimento de uma pessoa a uma certa ideia. A pessoa não percebe que foi forçada e, como resultado, começa a agir a favor de uma ideia que anteriormente rejeitava", comentou ao RT Aleksandr Neveev, doutor em Psicologia e especialista em cultos religiosos.

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