Pequim deseja acabar com 'monopólio' norte-americano sobre canal do Panamá

© AFP 2023 / Rodrigo AranguaCanal do Panamá
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O tema da segurança do Canal de Panamá e a defesa dos interesses econômicos da China serão os temas-chave das negociações entre ambas as partes em Pequim. Entretanto, vários analistas afirmaram que as conversações não se limitarão a este tema.

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A primeira delegação oficial do Panamá, encabeçada pelo ministro da Segurança, Alexis Bethancourt, visita à capital chinesa apenas dois meses depois do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países. O ministro é acompanhado por altos funcionários de diferentes esferas, tais como a economia, comércio, finanças e outras.

O especialista em assuntos internacionais do Instituto Chinês de Comunicações, Yang Mian, disse à Sputnik China que para o Panamá o canal é uma das fontes de receita principais, ao mesmo tempo, a China hoje em dia é o segundo país com maior trânsito através desta rota comercial. É por isso que ambos os países estão mutuamente interessados em garantir sua segurança.

"Embora os EUA tenham saída aos dois oceanos [Atlântico e Pacífico], eles precisam do canal para comunicar entre seus litorais. Essa é a razão principal por que no passado os EUA já ocuparam o Panamá", explicou o especialista.

O país centro-americano conseguiu recuperar a soberania sobre o canal e criou ali uma zona econômica exclusiva. Devido ao crescimento rápido da economia e do comércio, a China se tornou o segundo maior usuário do canal. Por isso, a importância do canal para o país asiático é evidente.

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"Diferentemente de um estreito de mar, o canal é extremamente estreito e em caso de sua destruição por terroristas as vias comerciais sofrerão um grande golpe. Sendo um dos maiores usuários do canal, a China está interessada no desenvolvimento da cooperação na área de segurança para manter uma navegação adequada pelo canal", acrescentou Yang Mian.

O chefe do Centro de Ciências e Informações do Instituto russo da América Latina, Aleksandr Kharlamenko, chamou a atenção para outro problema de segurança que pode ser discutido durante as negociações em Pequim. Até o ano de 1999, o canal esteve totalmente controlado pelos EUA. O Panamá realizou grandes esforços diplomáticos e políticos para recuperar o canal para sua jurisdição.

Entretanto, segundo os acordos, a segurança desta rota comercial está sob a responsabilidade dos EUA. Este facto é uma das razões principais por que a China quer participar na construção de um canal alternativo na Nicarágua, sublinhou Kharlamenko.

"Washington, sem dúvidas, tem uma grande vantagem de influência [sobre Panamá]. Por isso, se o governo atual do Panamá se arriscar a brigar com os EUA […] facilmente poderá ser derrubado", acrescentou o especialista.

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Ambos os especialistas apontaram para que as negociações entre o Panamá e a China estão se desenvolvendo num contexto da crise na Venezuela, que nos últimos tempos se tornou uma forte zona de influência chinesa. O governo panamenho, tal como a Colômbia, se envolveu nas ações hostis em relação a Caracas. Isso provocou, por sua vez, uma crise política interna no Panamá.

Tudo isso cria um certo transtorno político para as conversações em Pequim e, evidentemente, não pode ser ignorado pela China no processo de formação do seu rumo político na região.

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