Revolução na Venezuela: por que o país se retira da OEA?

© REUTERS / Carlos Garcia RawlinsConfrontos dos manifestantes com a polícia
Confrontos dos manifestantes com a polícia - Sputnik Brasil
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O governo da Venezuela está lançando o procedimento de saída do país da Organização dos Estados Americanos (OEA). A ministra das Relações Exteriores do país Delcy Rodríguez anunciou isso no seu Twitter.

"A Venezuela se retira da OEA pela dignidade, pela sua soberania, pela paz e pelo futuro da nossa pátria", comunicou ela.

​Presidente da Venezuela Nicolas Maduro também deu a ordem para a saída.

"Basta de arbitrariedade intervencionista e violação da legalidade! A Venezuela é um berço de libertadores. Vamos obrigar a que nos respeitem", declarou ele.

Mas a saída imediata é impossível. O procedimento oficial levará 24 meses. A situação é dificultada pela dívida da Venezuela perante a OEA, Caracas tinha recebido emprestado cerca de 9 milhões de dólares.

"É um golpe de Estado provocado pelas forças da direita. É pena que a Organização dos Estados Americanos continue com a sua tradição de derrubada de governos", acrescentou o presidente da Bolívia Evo Morales ao RT.

"Agente da CIA" e "louco como bode"

A Venezuela está em situação de crise crônica desde 2014. A queda dos preços do petróleo, que é o maior produto de exportação, afetou muito negativamente a economia. O país mergulhou na corrupção e na criminalidade de rua. O déficit de bens de consumo se tornou uma coisa habitual. Nicolas Maduro se tornou líder do país em 2013 após a morte de Hugo Chávez. Ele não possuía nem o prestígio do antecessor entre seus apoiantes, nem sua vontade política, mas também tem inclinação para ações emocionais.

© Carmen Meléndez‏/gestionperfectaPartidários do presidente Nicolás Maduro, que enfrenta uma das piores crises da história da Venezuela
Partidários do presidente Nicolás Maduro, que enfrenta uma das piores crises da história da Venezuela - Sputnik Brasil
Partidários do presidente Nicolás Maduro, que enfrenta uma das piores crises da história da Venezuela

Em 2016, Maduro brigou com o chefe da OAE Luís Almagro o classificando de "agente da CIA" e de "traidor há muito tempo". O antigo presidente do Uruguai José Mujica defendeu Almagro dizendo que Maduro era "louco como uma cabra". "Eles são todos loucos na Venezuela", declarou Mujica, acrescentando que "os venezuelanos devem resolver suas questões entre si".

"Estou louco como uma cabra, sim. Estou louco de amor por Venezuela", respondeu Maduro.

É possível que Almagro tivesse memorizado as palavras de Maduro. Hoje em dia é ele quem critica mais o governo da Venezuela.

Juízes contra deputados

Desde dezembro de 2015, o poder na Venezuela está dividido. As eleições parlamentares foram ganhas pela Mesa da Unidade Democrática oposicionista – um conglomerado de partidos que se manifestam contra Maduro. A aliança pró-governamental, encabeçada pelo Partido Socialista Unido, ocupou apenas o segundo lugar. Entretanto, Maduro conservou o posto presidencial e o controle sobre o governo. Os dois ramos do poder se bloquearam mutuamente, não contribuindo para a saída da crise econômica.

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Paralelamente, Maduro e a Mesa da Unidade organizavam manifestações de rua que se transformaram em confrontos.

Finalmente, em março deste ano, o Tribunal Supremo da Venezuela, que apoia Maduro, assumiu as funções do parlamento. Isso foi classificado como um golpe de Estado pelas forças da oposição. Dois dias depois, os juízes anularam sua decisão, mas a oposição já tinha mais um motivo para levar o povo a sair às ruas. A polícia e o exército continuaram leais ao presidente.

© REUTERS / Carlos Garcia RawlinsUm manifestante atira um coquetel Molotov, durante os protestos contra o governo em Caracas, na Venezuela, em 10 de abril de 2017
Um manifestante atira um coquetel Molotov, durante os protestos contra o governo em Caracas, na Venezuela, em 10 de abril de 2017 - Sputnik Brasil
Um manifestante atira um coquetel Molotov, durante os protestos contra o governo em Caracas, na Venezuela, em 10 de abril de 2017

As manifestações continuaram durante todo o mês de abril. Segundo a informação atual, mais de 26 pessoas morreram nos confrontos, mais de 300 ficaram feridas.

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