Quanto à campanha de Trump, ele tem ofendido as pessoas da comunidade latino-americana, como a ex-Miss Universo venezuelana Alicia Machado ou o Papa. Também mexeu com nações inteiras. Prometeu construir um muro entre o México e os Estados Unidos e afirmou que seus vizinhos do sul serão obrigados a pagar pela sua construção.
"O perigo de Trump tem menos que ver com riscos reais, mas com a incerteza do desconhecido. Tudo o que podemos dizer até agora é que ele teve uma estratégia de campanha baseada no espetáculo. Suas políticas públicas ainda são incertas. É muito difícil distinguir o quanto disso será cumprido", disse à Sputnik Mundo Guzmán Castro, candidato a doutor em Ciências Políticas da Universidade de Pensilvânia."A sua proposta também tem as limitações próprias do sistema. Haverá que ver quanto do que propõe será viável sob o aparelho burocrático dos Estados Unidos. O certo é que, de forma como está a situação atual, se ele chegar a realizar uma política favorável à América Latina, isso será ou por acaso, ou devido ao impulso de alguma política anterior", disse o professor uruguaio que leciona o curso de Política Latino-Americana na Universidade de Pensilvânia.
Do outro lado está Clinton. "Há uma contradição entre a política imperial de Hillary Clinton em relação à América Latina como Secretária de Estado e o apoio das bases hispânicas à sua candidatura. Mas há de lembrar que os latinos têm sido tradicionalmente eleitores do partido democrata. É de esperar que Hillary receba mais apoio deles do que Trump. Mas vale lembrar que o apoio de minorias locais tem pouco que ver com o tipo de política externa praticada em relação a outros países", explicou Castro.
"Quando ela ocupava o cargo de Secretária de Estado, as intervenções diretas e indiretas na América Latina prosperaram. O México é um exemplo claro disso com a política de luta contra as drogas. Na Venezuela houve tentativas de intervenção econômica e de desestabilização política e social. Ela, mais do que o próprio Obama, apoiou o golpe nas Honduras [contra Manuel Zelaya, em 2009]. Essa manobra desestabilizou o país, que hoje passa por um período obscuro de assassinatos de ativistas de direitos humanos e ambientalistas. A sua passagem por essa pasta nos deixou um indício de sua política imperial", explicou o acadêmico."Também temos a ação, por omissão, como a recusa em denunciar o golpe no Paraguai [contra Fernando Lugo, em 2012] e o afastamento de tudo o que está acontecendo no Brasil. A rápida aproximação dos Estados Unidos a um governo como o de Mauricio Macri, na Argentina, é outro sinal de sua visão de política externa para a região", acrescentou ele.
"O melhor que poderia acontecer neste cenário é qualquer um dos dois candidatos que seja eleito olhe pouco para a América Latina. A revisão da história de Hillary com a região não é promissora. Bem como o que Trump mostrou até aqui", concluiu o pesquisador.
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