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Milhares de indonésios furiosos se reúnem para protestar contra aumento dos preços dos combustíveis

© AP Photo / Achmad IbrahimEstudantes ativistas acenam bandeira ao queimar um pneu durante um protesto contra o aumento nos preços do petróleo, em Jacarta, na Indonésia, 8 de setembro de 2022.
Estudantes ativistas acenam bandeira ao queimar um pneu durante um protesto contra o aumento nos preços do petróleo, em Jacarta, na Indonésia, 8 de setembro de 2022. - Sputnik Brasil, 1920, 09.09.2022
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Ativistas trabalhistas, trabalhadores e estudantes estão exigindo a reversão de uma política econômica que o governo diz ser necessária, mas permanece profundamente impopular na Indonésia.
Ativistas trabalhistas, trabalhadores, estudantes e milhares de manifestantes se reuniram em toda a Indonésia esta semana pedindo que o governo reverta seu primeiro aumento de preços nos combustíveis subsidiados em oito anos.
Os manifestantes prometem continuar as manifestações até que o presidente Joko Widodo cumpra suas exigências, sengundo o The New York Times.
O governo enviou milhares de policiais esta semana para controlar as multidões e proteger os postos de gasolina em todo o país. Na quinta-feira, estudantes universitários de Jacarta, a capital, entraram em confronto com a polícia e queimaram pneus em frente do palácio presidencial. Na cidade de Bengkulu, na terça-feira (6), a polícia lançou jatos de água e gás lacrimogêneo contra os estudantes, ferindo cinco.
Os ativistas, trabalhadores e estudantes que protestam querem uma reversão do aumento de 30% nos preços subsidiados dos combustíveis, anunciado no último sábado (3), um aumento que muitos dizem ser necessário, mas permanece profundamente impopular no país do Sudeste Asiático.
Embora os protestos tenham sido em grande parte pacíficos, eles vêm em um momento sensível para o presidente, que tem viajado e se reunido com líderes mundiais antes da cúpula do Grupo dos 20, programada para acontecer em Bali ainda este ano.
"Em uma semana, se não houver resposta, se o governo não se importar e fechar os olhos para o sofrimento do povo, os estudantes de toda a Indonésia estão prontos para protestar em números muito maiores", disse Muhammad Yuza Augusti, estudante do Instituto de Agricultura Bogor.
Muitos analistas dizem que Joko provavelmente sairá ileso dos protestos, pois pode ligar o aumento dos preços ao conflito na Ucrânia. As pesquisas mostram que o presidente indonésio tem uma taxa de aprovação de cerca de 68%, ainda que essa aprovação tenha sido abalada por sua decisão de aumentar os preços do petróleo no início deste ano.
Yunarto Wijaya, diretor executivo da Charta Politika, uma agência de pesquisas na Indonésia, disse que o governo deve ser capaz de manter o aumento sem muitos problemas. Ele apontou que os protestos foram relativamente pequenos até agora e que as ações subiram depois que Joko anunciou o aumento dos preços. "Para mim, não há nada que indique um golpe social em grande escala", disse Yunarto.
Nenhuma questão é mais sensível politicamente na Indonésia do que o aumento dos preços dos combustíveis. Em 1998, depois que o presidente Suharto aumentou os preços em cerca de 70%, protestos violentos resultaram na morte de 1.200 pessoas e forçaram sua renúncia. Outros líderes que fizeram o mesmo recuaram após protestos populares.
No último sábado, o Joko, que é frequentemente referido como "Jokowi" na Indonésia, disse à nação em um discurso televisionado que ele não tinha escolha a não ser aumentar os preços, e que seu governo já havia "tentado o seu melhor" para manter os preços baixos.
Os manifestantes dizem que a medida prejudica os pobres em um momento de inflação e com o país ainda está lutando para se recuperar da pandemia do coronavírus. A ajuda do governo de US$ 40 (R$ 208) por mês até o fim do ano para os mais pobres ainda não é o suficiente para amortecer o golpe, dizem eles.
Dez por cento dos indonésios — cerca de 27 milhões de pessoas — vivem abaixo da linha oficial de pobreza de US$ 141 (R$ 734) por mês para uma família, e não podem pagar mais pelo combustível de motocicleta ou pelo transporte público. A inflação foi de 4,7% em agosto, abaixo dos 4,9% de julho, a maior em quase oito anos.
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Durante décadas, os indonésios pagaram um dos preços mais baixos do mundo pela gasolina — o equivalente a US$ 0,4 (R$ 2,07) por litro — graças a um programa de subsídios do governo que começou sob o presidente Sukarno na década de 1960. Mas a alta dos preços do petróleo em todo o mundo fez com que estes subsídios triplicassem este ano, para US$ 34 bilhões (R$ 177 bilhões).
Joko prometeu não aumentar os preços dos combustíveis até o fim do ano. No domingo, ele reconheceu que os proprietários de carros se beneficiaram de mais de 70% dos subsídios, em vez dos desprivilegiados. Ele disse que o governo está determinado a transferir uma parte dos fundos de subsídios aos combustíveis para uma "assistência mais direcionada". "O governo tem que tomar decisões em situações difíceis", disse ele.
Alguns analistas têm argumentado que a Indonésia, a quarta nação mais populosa do mundo, manteve os preços dos combustíveis artificialmente baixos por muito tempo e que os subsídios deveriam ser redirecionados para projetos de infraestrutura e obras públicas. Sri Mulyani Indrawati, ministro das Finanças da Indonésia, afirmou que os atuais subsídios energéticos poderiam ser usados para construir milhares de hospitais, escolas ou estradas.
Mesmo com o aumento do preço dos combustíveis, os gastos do governo com subsídios aos combustíveis aumentarão este ano, de acordo com a Sra. Sri Mulyani.
"O aumento do preço dos combustíveis prova que o governo não se importa com o povo, só se preocupa com os projetos estratégicos nacionais", disse Supriadi, um manifestante do Politécnico Estadual de Jacarta.
Bhima Yudhistira Adinegara, diretora do Centro de Economia e Estudos de Direito, um instituto de pesquisa em Jacarta, afirmou que parte do orçamento de infraestrutura de US$ 27 bilhões (R$ 140 bilhões) do governo este ano poderia ter sido usado para subsídios aos combustíveis. Ele também criticou o governo por não adiar a construção de uma nova capital em Bornéu, um projeto que deve custar cerca de US$ 32 bilhões (166 bilhões). Joko quer ser visto como "o pai do desenvolvimento", disse Bhima.
“Poucos indonésios, particularmente a classe média, apoiam projetos de infraestrutura, como a da mudança de capital, especialmente quando estamos passando por um período de alta inflação”, disse Bhima. O aumento do preço dos combustíveis pode prejudicar a manufatura, o investimento e o emprego. "O descontentamento social é iminente", disse ele.
Os manifestantes prometeram continuar protestando do lado de fora do palácio presidencial. Na quinta-feira (7), mesmo decidindo cumprir uma lei que exige que os protestos na Indonésia terminem às 18h diariamente, eram distribuídos cartazes para futuros protestos.
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