'Sonho realizado', dizem pesquisadores após detectar língua 'compatível' com IA

Cientistas na Austrália analisaram uma língua aborígene que afirmam ter potencial para contribuir ao desenvolvimento da inteligência artificial.

A língua aborígene de jingulu, do Território do Norte da Austrália, tem características que permitem ser traduzida para comandos de inteligência artificial (IA), determinaram cientistas em um estudo publicado na revista Frontiers in Physics.

Hussein Abbass, acadêmico e pesquisador da Universidade de Nova Gales do Sul, em Camberra, Austrália, estudou anteriormente sistemas baseados em gestos, comandos diretos e até mesmo música, mas eles eram linguisticamente mais ricos ou não correspondiam aos cálculos usados pela inteligência artificial para poderem ser guiados e controlados, relatou na segunda-feira (18) um comunicado da instituição australiana.

No entanto, após procurar estudos sobre a sintaxe, a ordem das palavras e as relações das palavras das línguas aborígines australianas, surgiu a língua jingulu, que Abbas usou para o seu novo projeto.

Abbas criou, em colaboração com a professora Eleni Petraki e o dr. Robert Hunjet, especialista em linguística, a linguagem JSwarm, que pode ser usada em qualquer situação em que seja necessária a comunicação entre humanos e uma série de agentes de IA.

A equipe se baseou em "sistemas de enxame", em que robôs ou outros agentes de inteligência artificial colaboram para resolver problemas altamente complexos ou realizar tarefas. As caraterísticas da língua permitem reduzir os custos de computação, segundo Abbass.

Jingulu é única, mesmo entre as línguas aborígines, tendo apenas três verbos: vir, ir e fazer, uma sintaxe simples, e comunicando assim efetivamente os movimentos espaciais. A língua aborígene é simples e suficientemente flexível para transferir a IA entre diferentes domínios.

"Para nós, a jingulu é um sonho realizado", crê Hussein Abbass.