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EUA não estão em posição de ditar sua vontade, única opção é fechar acordo com Irã, diz assessor

© AP Photo / Vahid SalemiPessoas passam por mural satírico da Estátua da Liberdade no prédio da antiga embaixada da EUA em Teerã, Irã, 2 de novembro de 2019
Pessoas passam por mural satírico da Estátua da Liberdade no prédio da antiga embaixada da EUA em Teerã, Irã, 2 de novembro de 2019 - Sputnik Brasil, 1920, 17.07.2022
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O professor Mohammed Marandi, assessor de mídia para a delegação iraniana nas negociações do acordo nuclear, constata que seu país quer alcançar um acordo com Washington, mas também ressalta que os americanos devem fazer concessões, já que não se pode ter tudo.
No sábado (16), o presidente dos EUA Joe Biden começou sua viagem ao Oriente Médio, onde se reuniu com vários líderes dos países produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Iraque.
A liderança saudita garantiu a Biden que trabalhará em estreita colaboração com os EUA para estabilizar o mercado global de energia, que tem enfrentado uma alta nos preços sem precedentes. Especialistas, entretanto, alertaram que Riad já atingiu a sua capacidade máxima. Assim, não será capaz de produzir mais petróleo, nem vai querer violar seu acordo com outros membros da OPEP.
Nessas circunstâncias, Washington, que está determinada a resolver a atual crise energética, pode não ter outra opção senão buscar outras parcerias. Ora, o Irã poderia potencialmente fornecer a solução.
Da esquerda para a direita: Asaad bin Tariq al-Said, vice-primeiro-ministro de Relações Internacionais e Cooperação de Omã e representante especial do sultão; xeque Mohamed bin Zayed al-Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos; Abdel Fattah al-Sisi, presidente do Egito; Hamad bin Isa bin Salman al-Khalifa, rei do Bahrein; e Joe Biden, presidente dos EUA - Sputnik Brasil, 1920, 17.07.2022
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Teerã tem estado envolvido em negociações com os EUA e seus aliados ocidentais desde novembro de 2021. Durante essas negociações, o Ocidente insistiu repetidamente que o Irã deveria conceder a possibilidade de supervisionar seu programa nuclear, uma vez que suspeita que estaria sendo usado para fins militares. O Irã, por sua vez, negou essas alegações e exigiu a remoção de todas as sanções que impedem a plena implementação do acordo nuclear como condição prévia para qualquer consenso.
Porém, aponta Marandi, essas demandas não foram cumpridas. Em vez disso, a mídia ocidental alegou que o acordo ficou paralisado devido às exigências iranianas de remover o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica, a principal força militar da nação, da lista americana de organizações terroristas, algo que Washington achou difícil aceitar.
"Essa questão nunca foi uma pré-condição para o Irã. Tem sido usada para justificar a obstrução. O que permanece um problema é o histórico dos Estados Unidos de implementação parcial e violação do Plano Conjunto de Ação Global [JCPOA, na sigla em inglês], algo que o Irã considera inaceitável, bem como a relutância de Washington em remover suas sanções."
Marandi tenta entender o que leva Washington a se comportar desta maneira em um momento em que o mundo está submerso em uma crise energética aguda, após o início da operação militar russa na Ucrânia.
Sugere que parte do problema pode estar na "política interna da América" ou na "posição fraca do Partido Democrata". De qualquer forma, diz o assessor, os EUA não estão em uma posição forte para agir contra o Irã e, portanto, a melhor opção para eles é atingir um acordo e fazer com que o petróleo iraniano flua para o mercado europeu.
Segundo estimativas, o Irã possui reservas comprovadas de 157 bilhões de barris, o que equivale a 10% de todas as reservas de petróleo. Também é equivalente a 13% do que os Estados da OPEP têm a oferecer. Contudo, devido às sanções ocidentais, a Europa tem boicotado o petróleo iraniano desde 2012. Em resposta, Teerã ofereceu seus serviços à Ásia, onde encontrou clientes leais como a China e a Índia.
"Não há escassez de clientes", assegura Marandi. "O Irã está vendendo mais petróleo a um preço de mercado. Por isso, está indo muito bem. Se as sanções fossem removidas, o Irã poderia aumentar a produção", salientou.

Ferozes objeções

No entanto, espera-se que a remoção das sanções enfrente fortes objeções, especialmente no golfo Pérsico, onde alguns acreditam que tal passo só fortaleceria o Irã: permitiria ao país ganhar mais fundos e investi-los em capacidades militares e nucleares. E isso deixa vários Estados árabes preocupados.
Esse medo já levou os países do Golfo a trabalhar em uma possível aliança militar com atores regionais como o Egito, Jordânia e Israel. Embora nenhuma declaração oficial tenha sido anunciada, os relatos sugerem que as partes estão avançando em um acordo conjunto de defesa aérea. Mas o professor Marandi está certo de que o pacto não poderia desafiar o Irã.
O ministro da Defesa do Irã, Amir Hatami, fala durante cerimônia fúnebre do cientista nuclear iraniano Mohsen Fakhrizadeh-Mahabadi, em Teerã, Irã - Sputnik Brasil, 1920, 16.07.2022
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"Não há na região um país que possa ser considerado rival do Irã", acredita ele. "Nosso único rival são os Estados Unidos. Israel e Arábia Saudita são pequenos e fracos. O Irã é o país mais desenvolvido em termos militares na Ásia Ocidental", acrescentou.
Durante sua viagem ao Oriente Médio, Biden disse acreditar que uma opção militar não está na mesa e que a diplomacia era o único caminho a seguir. Marandi diz que, na realidade, ele não foi muito diferente de seu antecessor, Donald Trump, que preferiu manter sua política de "pressão máxima".
É por isso que Marandi está enviando uma mensagem clara a Washington de que, se eles realmente querem um acordo, precisam apoiar suas palavras com ações:
"Os EUA não estão em posição de escalar a situação. Se o fizerem, isso só causará uma disparada dos preços e isso ironicamente beneficiaria o Irã. O mais inteligente que eles podem fazer é chegar a um acordo. Estamos preparados para isso".
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