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Apesar da crise internacional, América Latina está 'menos refém' do aço chinês, diz executivo

© Folhapress / Moacyr Lopes JuniorFuncionário trabalha em forno de siderúrgica em Sete Lagoas, Minas Gerais, Brasil, 12 de maio de 2022
Funcionário trabalha em forno de siderúrgica em Sete Lagoas, Minas Gerais, Brasil, 12 de maio de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 23.05.2022
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O conflito na Ucrânia tem gerado reflexos sobre os preços e a produção de diversas commodities, entre elas o aço. A Sputnik Brasil ouviu o diretor-executivo da Associação Latino-americana de Aço (Alacero), Alejandro Wagner, para discutir esses impactos e as expectativas em relação à produção do material na região.
Conforme dados de 2021 do Instituto Aço Brasil, o país é hoje o nono maior produtor de aço bruto do mundo, sendo responsável por 1,9% da produção mundial da liga metálica. Já a Rússia figura na quinta posição, com 3,9% do mercado, enquanto a Ucrânia é o 14º produtor, com 1,2% da produção mundial de aço, apesar de ser o oitavo exportador. A China é o grande produtor mundial, com 52,9%.
Amplamente utilizado na criação de bens de consumo e bens de produção, o aço é um material versátil e fundamental para a indústria moderna, sendo empregado na fabricação de máquinas, veículos, e na construção civil, assim como em produtos de uso doméstico.
Dentro da América Latina, o Brasil lidera a produção de aço bruto com folga, tendo 55,9% do volume produzido no subcontinente, seguido de México, com 28,5%, e Argentina, com 7,5%. As principais produtoras de aço bruto no Brasil são a ArcelorMittal, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Ternium Brasil e a Gerdau.
© AP Photo / Mark SchiefelbeinBandeira chinesa em frente a estoques de carvão sendo manejados na região de Ordos, China, 4 de novembro de 2015
A bandeira chinesa é retratada em frente a estoques de carvão sendo manejados na região de Ordos, China, 4 de novembro de 2015 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 23.05.2022
Bandeira chinesa em frente a estoques de carvão sendo manejados na região de Ordos, China, 4 de novembro de 2015. Foto de arquivo
Alejandro Wagner, diretor-executivo da Associação Latino-americana de Aço (Alacero), explica que o mercado teve que buscar alternativas devido à indisponibilidade de aço e matérias-primas da Ucrânia e da Rússia. Ligada a diversos organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a instituição reúne mais de 60 empresas da região, responsáveis por 95% da produção de aço na América Latina.

"Isso [o conflito no Leste Europeu] afeta principalmente os Estados Unidos e a Europa, embora os efeitos não sejam descartados em alguns países da América Latina. Devido à quebra de oferta e à indisponibilidade de fornecimentos da Ucrânia ou da Rússia, [...] [há] uma situação generalizada no mundo de aumentos de preços", afirma Wagner em entrevista à Sputnik Brasil.

O diretor-executivo explica que esse aumento ocorre tanto porque os novos fornecedores têm custos mais elevados quanto pelo aumento da demanda de matérias-primas. A Rússia é o nono maior exportador de minério de ferro e o terceiro maior exportador de carvão, materiais utilizados na produção do aço.
© Sputnik / Vitaly Timkiv / Acessar o banco de imagensTrens carregados com carvão no complexo do porto e parque industrial de Taman, na região de Krasnodar, Rússia, 13 de maio de 2021
Trens carregados com carvão são retratados no complexo do porto e parque industrial de Taman, na região de Krasnodar, Rússia, 13 de maio de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 23.05.2022
Trens carregados com carvão no complexo do porto e parque industrial de Taman, na região de Krasnodar, Rússia, 13 de maio de 2021
Conforme Wagner, a China tem aumentado as importações de carvão coque de seus parceiros comerciais, incluindo os da América Latina. O coque é matéria-prima importante da indústria siderúrgica. Apesar disso, as importações de aço terminado chinês estão em queda na região.

"Identificamos que a tendência é de subida dos preços das commodities, enquanto no primeiro trimestre a nossa região ficou menos refém da manufatura chinesa. Entretanto, ainda é demasiado cedo para projetar como o mercado vai se comportar ao longo deste ano", pondera Wagner, detalhando que as importações de aço terminado da China caíram 45,3% no primeiro trimestre de 2022.

Após a publicação desta reportagem, a Alacero informou em nota que a indústria siderúrgica latino-americana tem 65 ações em andamento contra o chamado comércio desleal, das quais 43 são contra a China. A instituição acredita que a região enfrenta ameaças tanto de concorrência desleal quanto do excesso de capacidade na produção global de aço — sendo a China responsável por cerca de 16% dela, ainda segundo a Alacero.

Consumo de aço na região mostra perspectiva positiva

Segundo informações do Instituto Aço Brasil, as importações brasileiras de aço aumentaram em 2021, forçando uma queda do saldo da balança comercial de produtos siderúrgicos localmente, apesar do aumento do volume do comércio em relação ao ano anterior. Para o representante da Alacero, isso ocorreu devido ao aumento das vendas no mercado doméstico e à recomposição dos estoques ao longo do ano.
"Em 2022, vê-se que os primeiros dois meses apresentaram uma subida acumulada de 12,9% das importações frente ao primeiro bimestre do ano passado. Esperamos que a tendência seja de queda ao longo do ano, ao considerar o cenário pós-guerra, de crise energética e de realocação dos mercados", explica o diretor-executivo.
© Folhapress / Rubens Chaves Caminhões e pá carregadeira em pátio de minério de ferro-hematita, em Congonhas (MG)
Caminhões e pá carregadeira em pátio de minério de ferro-hematita, em Congonhas (MG) - Sputnik Brasil, 1920, 23.05.2022
Caminhões e pá carregadeira em pátio de minério de ferro-hematita, em Congonhas (MG)
O representante da Alacero aponta que a produção de aço bruto na América Latina cresceu 15,7% em relação ao ano anterior, chegando a 64,8 mil toneladas. Da mesma forma, houve um aumento do consumo de aço de 26,6%, assim como das importações do produto, que subiram 46,7%.
"Para 2022, espera-se uma leve queda de 2,1% no consumo aparente, principalmente devido a uma forte recomposição de estoque na cadeia. Mesmo assim, é um bom nível em relação aos anos pré-pandemia", prevê o representante da Alacero.
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