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Brasil pode liderar campanha contra sanções antirrussas com Bolsonaro ou Lula, dizem especialistas

© Sputnik / Aleksandr Galperin Bandeira do Brasil ao lado do logotipo do BRICS durante fórum em São Petersburgo, Rússia, 30 de outubro de 2020.
Bandeira do Brasil ao lado do logotipo do BRICS durante fórum em São Petersburgo, Rússia, 30 de outubro de 2020. - Sputnik Brasil, 1920, 02.05.2022
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Pesquisadores da área de relações internacionais acreditam que o país tem potencial para construir alianças na busca da resolução do conflito na Ucrânia e pelo fim das restrições econômicas à Rússia, seja com o atual presidente ou com Lula no poder.
Embora estejam em campos políticos opostos no cenário nacional, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parecem alinhados quando o assunto são as sanções econômicas contra a Rússia.
Os líderes das pesquisas eleitorais para o pleito deste ano já se posicionaram contra as restrições impostas pelo Ocidente devido ao conflito na Ucrânia.
Lula, por exemplo, disse no início do mês passado que o "bloqueio é uma arma de guerra tão poderosa quanto a bomba atômica".

"No fundo, [as sanções] estão, no caso da América do Sul, bloqueando quase todos os países por conta não só do preço do petróleo, mas da proibição dos fertilizantes", ressaltou o petista no dia 5 de abril, em evento com Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu, conforme noticiou a revista Carta Capital.

Pouco após o início da operação militar especial na Ucrânia, Bolsonaro rechaçou a adoção de qualquer tipo de sanção contra a Rússia, garantindo que o país manteria a neutralidade diante do conflito.

"Quando se fala em sanções econômicas, cada país coloca na mesa o que topa desde que isso [área ou item de interesse] fique de fora. Alemanha não aceita falar em sanções econômicas do gás, como muitos países da Europa. Os Estados Unidos também têm áreas que não aceitam discutir sanções", declarou Bolsonaro, ao dizer que "a questão dos fertilizantes é sagrada" para o Brasil, segundo informou o site Metrópoles.

© Folhapress / Fabrício Costa/Futura PressAmbulante vende bandeiras de Jair Bolsonaro e Lula no mesmo "varal" na cidade de Santos, São Paulo, 25 de janeiro de 2022.
Ambulante vende bandeiras de Jair Bolsonaro e Lula no mesmo varal na cidade de Santos, em São Paulo, em 25 de janeiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 02.05.2022
Ambulante vende bandeiras de Jair Bolsonaro e Lula no mesmo "varal" na cidade de Santos, São Paulo, 25 de janeiro de 2022.
Mas o que o atual presidente ou Lula (caso vença as eleições) poderia fazer além de criticar as medidas? O Brasil tem potencial para se colocar na posição de mediador na busca pela revisão das crescentes sanções antirrussas?
Especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil acreditam que o histórico da diplomacia do país aponta para esse caminho.
O pesquisador do Núcleo de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Brasília (Unb) Robson Valdez afirma que o Brasil "tem agendas de alto nível tanto com os países centrais quanto com os emergentes".
Segundo ele, a posição do país no quadro geopolítico "consolidou o universalismo como um dos vetores da diplomacia brasileira ao longo das últimas décadas".
Réplica do tanque Flakpanzer Gepard em escala 1:87 exposta em uma feira de brinquedos de Nuremberg, em 2 de fevereiro de 2007. - Sputnik Brasil, 1920, 29.04.2022
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Já a professora Isabela Gama, especialista em teoria das relações internacionais e em segurança e pesquisadora pós-doutoranda da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), afirma que o Brasil já tem tentado atuar contra a escalada de restrições econômicas.
Ela lembra que na reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas que condenou a operação russa na Ucrânia o Itamaraty criticou não só as sanções, mas também o fornecimento de armas do Ocidente a Kiev, alertando que medidas econômicas contra a Rússia poderiam prejudicar outros países e "gerar a fome".

"Levar isso ao âmbito da Assembleia Geral já é uma forma de tentar fazer alguma pressão para que seja uma votação democrática", disse a especialista.

Gama destaca ainda que o bloco de países ocidentais desenvolvidos tem buscado aplicar "sanções seletivas", que não os prejudiquem diretamente.

"Independentemente do governo, o Itamaraty tem se posicionado há anos contra sanções a países emergentes. Acredito que agora o Brasil também poderia se projetar no cenário internacional para fazer coalizões para impedir essas sanções seletivas, que prejudicam especialmente o 'sul global'", ressaltou.

A especialista aponta ainda que as sanções são mais prejudiciais à população do que aos Estados. Ela afirma que as medidas lideradas pelos Estados Unidos e pela União Europeia "não geraram impactos significativos em termos de mudanças de política externa russa".
"São sanções bastante inúteis, que afetam a economia russa, mas que não necessariamente vão gerar o impacto que se espera", advertiu.
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Mecanismos para o Brasil liderar movimento

Para Robson Valdez, da Unb, o Brasil poderia buscar um consenso com outros países emergentes em construir propostas para o fim do conflito russo-ucraniano.
Ele aponta o Mercosul, a Cúpula América do Sul–Países Árabes (Aspa) e a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) como instrumentos existentes para tentar costurar esse movimento.
Segundo o pesquisador, o Brasil, aos olhos dos EUA e União Europeia, seria o membro do BRICS (agrupamento econômico também formado por Rússia, Índia, China e África do Sul) com maior alinhamento aos valores democráticos ocidentais.

"O Itamaraty poderia centrar-se, especialmente, como ator intermediador de uma agenda voltada para o fim imediato do conflito, em negociações de paz e para o fim das sanções econômicas com a retomada gradual da economia russa aos fluxos globais de comércio e finanças", frisou.

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