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EUA são 'insinceros' ao propor banir armas antissatélite e visam evitar competição, diz especialista

© Foto / Domínio público / Força Aérea dos EUA / Sargento Jim AraosLançamento de satélite Iridium em foguete Falcon 9 da SpaceX no Complexo de Lançamento Espacial 4, Califórnia, EUA, 22 de dezembro de 2017
Lançamento de satélite Iridium em foguete Falcon 9 da SpaceX no Complexo de Lançamento Espacial 4, Califórnia, EUA, 22 de dezembro de 2017 - Sputnik Brasil, 1920, 21.04.2022
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Bruce Gagnon, diretor da Rede Global Contra Armas e Poder Nuclear no Espaço, vê a sugestão de proibir armas antissatélite como uma tentativa de evitar competição.
A iniciativa anunciada por Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, para banir testes de mísseis antissatélite (ASAT, na sigla em inglês), e o mesmo ser seguido por outros países, é insincera, acredita Bruce Gagnon, diretor da Rede Global Contra Armas e Poder Nuclear no Espaço (GNI, na sigla em inglês).

"Eu diria que os EUA são insinceros quando sugerem uma proibição em testes de ASAT. Se Washington era sério sobre banir operações militares ofensivas no espaço, então por que o governo dos EUA recusou nos pelo menos últimos 25 anos negociar na ONU um tratado vinculante para banir todas as armas no espaço?", indagou Gagnon.

"Todos os anos a Rússia e a China introduziram tal tratado de proibição global em quaisquer e todos os tipos de armas no espaço. A declaração oficial dos EUA tem há muito tempo sido: 'Não há necessidade de um novo tratado para banir todas as armas no espaço porque não há nenhuma em órbita agora. Não há problema'", explica ele.
Satélite dos EUA sobrevoando a Terra (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 19.04.2022
Governo dos EUA anuncia cancelamento de testes com mísseis antissatélite
O diretor da GNI notou que embora Harris tenha condenado testes ASAT da China e da Rússia como "imprudentes e irresponsáveis", o Pentágono lançou em 2008, sob o pretexto de "salvaguardar vidas humanas", um míssil de cruzeiro guiado SM-3 para o espaço, derrubando um satélite do Escritório Nacional de Reconhecimento (NRO, na sigla em inglês) que não funcionava. Isso aconteceu oito dias após a China e a Rússia sugerirem um projeto de tratado para proibir armas no espaço.
"[O] teste provou que os navios de guerra da Marinha [dos EUA] podiam usar o míssil SM-3 como uma arma antissatélite. Mais uma vez, os EUA mostram ao mundo sua atitude excepcional 'façam como eu digo', enquanto Washington faz o que quer e dá lições a outros países sobre o que devem fazer", comentou.
Bruce Gagnon lembra que os EUA criaram armas antissatélite de ascensão direta completas em 1963, e que em 1997, após a queda da URSS, e a obtenção da supremacia militar no espaço, o Comando Espacial dos EUA (USSPACECOM, na sigla em inglês) elaborou uma estratégia para manter essa posição no futuro. Em 2019 foi criada a Força Espacial norte-americana, com o Pentágono anunciando armas que podem atacar satélites espaciais de adversários.
Depois, em 17 de janeiro de 2022, a OTAN, liderada pelos EUA, publicou uma estratégia "abrangente" do espaço, que adverte que qualquer ataque espacial a um aliado pode levar à invocação do Artigo 5º da aliança.
De acordo com Gagnon, as "normas de conduta" não vinculantes propostas pelos EUA visam retirar a atenção de sua falta de vontade de criar um tratado reconhecido pela ONU que ilegalizaria o desenvolvimento, testes e implantação de armas no espaço por qualquer país, pois Washington não pretende honrar nenhum acordo que limite as capacidades espaciais que já desenvolveu.
Na opinião do especialista, a iniciativa dos EUA visa impedir que países como a China, Rússia e Índia desafiem a preeminência espacial de Washington, e que mesmo os argumentos a favor e contra dos republicanos e democratas são puramente teatro "para o entretenimento de eleitores americanos", porque "no fim eles encontram sempre consenso no que toca a desenvolver programas militares que dão aos EUA a habilidade de reivindicar o domínio sobre a terra, o mar, o ar acima de nossas cabeças, ou no espaço exterior".
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