Brasil discorda de proposta da Rússia para pagamentos via BRICS, mas defende atualização do SWIFT

Brasília enxerga problema no sistema SWIFT e acredita que o mesmo precisa de melhorias, entretanto, considera que mudanças em pagamentos têm que ser feitas de forma integrada e não só entre alguns países.

De acordo com a Folha de São Paulo, o governo brasileiro não concordou com proposta feita pela Rússia de um sistema de pagamentos integrado entre os países do BRICS.

O Ministério das Finanças russo representado pelo ministro, Anton Siluanov, havia defendido a ideia ao dizer em reunião recente do grupo que a situação econômica global havia piorado bastante devido às sanções impostas em meio à crise ucraniana.

"Isso [as sanções] nos leva à necessidade de acelerar o trabalho nas seguintes áreas: uso de moedas nacionais para operações de importação-exportação, a integração de sistemas de pagamentos e cartões, nosso próprio sistema de comunicação financeira e a criação pelo BRICS de uma agência de avaliação de risco independente", disse Siluanov citado pela mídia.

Para Erivaldo Gomes, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Economia do Brasil, o sistema de pagamentos usado hoje, o SWIFT, precisa passar por atualização, entretanto, o secretário defendeu nesta quinta-feira (14), que a solução seja global e não restrita a alguns países.

"Faz sentido a gente ter uma discussão sobre como estabelecer uma nova plataforma. O Brasil entende que isso deve ser em âmbito multilateral, global. Não uma solução específica de alguns países. Até para evitar a fragmentação", afirmou.

Segundo ele, o tema foi levantado pelos russos em recente reunião do BRICS, mas não está na agenda do grupo. "Nossa visão é que faz sentido uma solução global", reiterou Gomes.

O pedido da pasta das Finanças de Moscou chega junto a uma carta enviada pelo ministério russo ao ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes. No documento, assinado por Siluanov, a Rússia pede o apoio oficial do Brasil em sua representação no G20, Banco Mundial e FMI.

Os pedidos do governo russos foram feitos às vésperas da viagem de Guedes aos Estados Unidos para participar de reuniões do FMI e do Banco Mundial.