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Mais 70% até 2030: consumidores vão ganhar com maior produção de petróleo no Brasil?

© REUTERS / Adriano MachadoUm trabalhador verifica os volumes de combustível em um caminhão perto de um tanque da Petrobras em Brasília, no Brasil, em 14 de março de 2022.
Um trabalhador verifica os volumes de combustível em um caminhão perto de um tanque da Petrobras em Brasília, no Brasil, em 14 de março de 2022. - Sputnik Brasil, 1920, 01.04.2022
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Especialista aponta que leilões dos últimos anos vão impulsionar produção brasileira a partir do pré-sal, mas preços dos combustíveis não vão aliviar o bolso dos consumidores, pois dependem da política do governo para o setor.
Descoberta em 2006, a camada do pré-sal brasileiro continuará a render muitos frutos pelos próximos anos. Com a expansão da extração do petróleo, o país deve ter um crescimento de 70% em sua produção na próxima década, atingindo o patamar de 5,3 milhões de barris por dia.
É o que estima o Ministério de Minas e Energia, indicando que o Brasil manterá o status de exportador. Além disso, as sanções do Ocidente contra a Rússia, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, abrem mais espaço para o país negociar o óleo no mercado internacional.
A pedido de Washington, o governo se comprometeu a aumentar em 10% a produção do combustível desde já, conforme noticiou a CNN Brasil. A ideia é reduzir o impacto mundial no segmento com as restrições a Moscou lideradas pelos próprios Estados Unidos.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), o Brasil fechou 2021 como o sétimo maior produtor de petróleo do mundo, com cerca de três milhões de barris diários.
O ranking é encabeçado pelos EUA, com 16,6 milhões de barris por dia, seguidos por Rússia, Arábia Saudita, Canadá, China e Iraque. Graças ao pré-sal, o Brasil é o maior produtor da América Latina atualmente, à frente de Venezuela e México.
© AFP 2023 / Evaristo SáTécnico da Petrobras examina amostra de óleo no Polo Urucu, no Amazonas.
Técnico da Petrobras examina amostra de óleo no Polo Urucu , no Amazonas - Sputnik Brasil, 1920, 01.04.2022
Técnico da Petrobras examina amostra de óleo no Polo Urucu, no Amazonas.
Mas o país terá mesmo condições de elevar a produção a ponto de atingir a marca de cinco milhões de barris diários em 2030, como prevê o ministério? Quais seriam os principais obstáculos para a ambiciosa meta? A maior produção permitirá a redução do preço da gasolina no mercado nacional?
O economista e professor do Instituto de Energia da PUC-Rio Edmar Almeida explica que as novas projeções se justificam devido a "uma série de leilões realizados, de áreas já descobertas, nos últimos dois, três anos".

"Acredito que o Brasil vá aumentar a produção de petróleo de forma acelerada. A Petrobras, por exemplo, tem dez plataformas encomendadas e outras quatro a serem contratadas, além de empresas privadas com projetos em andamento", disse Almeida em entrevista à Sputnik Brasil.

O especialista afirma que "não há muita incerteza geológica". O máximo que poderia ocorrer, em sua avaliação, são eventuais atrasos.
"Mas isso é normal. De toda maneira vamos chegar ao patamar de cinco milhões de barris até 2030", pontuou.
Ele alerta que a principal dificuldade é a manutenção do ritmo de investimentos. Segundo Almeida, a Petrobras, com recursos e operacionalização, é a "chave" nesse projeto de longo prazo.
© REUTERS / SERGIO MORAESFachada da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.
Fachada da sede da Petrobras no Rio de Janeiro - Sputnik Brasil, 1920, 01.04.2022
Fachada da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro.

'Projetos atingirão maturidade em 2025'

Outro fator que merece atenção é a logística. O economista lembra que a indústria e as cadeias globais sofreram choques de operação com a crise da pandemia de COVID-19.
Novas crises poderiam, portanto, "atrasar eventuais projetos". Segundo ele, dessa forma, o Brasil poderia "adiar previsões de 2027 para 2029, por exemplo", mas não deixaria de alcançar a meta de cinco milhões de barris na virada da década.

"O grande aumento vai ser a partir de 2025. Teremos crescimento acelerado porque vários projetos vão atingir a maturidade nessa época. Entre 2027 e 2030, o Brasil vai crescer mais de um milhão de barris diários por ano", estimou.

Presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, conversam com auxílio de intérpretes durante encontro dos líderes do BRICS no Itamaraty, em Brasília, 14 de novembro de 2019 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 31.03.2022
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Com política atual, gasolina não ficará mais barata

O especialista destaca que apesar de o país ser autossuficiente na produção de petróleo, mantém a paridade dos preços domésticos com o mercado internacional.

"Se mantiver essa política, o preço vai depender do mercado global. Dadas as condições da política de energia no Brasil, se o país atingir o patamar de produção de cinco milhões de barris, não vai ser por isso que vamos vender a gasolina mais barata", esclareceu.

Almeida lembra que o Brasil é grande consumidor de diesel e gasolina. Segundo ele, se os preços estiverem abaixo do mercado internacional, "alguém pagará por isso".

"A Petrobras não vai ter dinheiro para fazer os investimentos, para aumentar a produção de petróleo. Vai ser o dilema do governo, vai ter que escolher: ou mantém a paridade internacional, permitindo que a produção aumente, ou muda a política de paridade dos preços, podendo comprometer o potencial de crescimento da nossa produção", disse.

© Folhapress / Evandro LealPosto de gasolina em Porto Alegre, no Brasil.
Postos de Porto Alegre reajustam os valores da gasolina na manhã desta quinta-feira. O aumento na bomba foi de R$ 0,20 no litro do produto - Sputnik Brasil, 1920, 01.04.2022
Posto de gasolina em Porto Alegre, no Brasil.
Para o especialista, por volta de 2030, o Brasil poderá exportar entre dois e três milhões de barris por dia. Almeida acredita que, assim, o país passará a ser um dos grandes exportadores do combustível, ainda mais se a Europa mantiver as restrições econômicas contra a Rússia.

"Hoje boa parte dos barris é exportada para a China, com grande custo de transporte. A Europa seria um mercado natural. Deixando de comprar da Rússia, vão ter que buscar novos fornecedores na bacia do Atlântico e no Oriente Médio. E o Brasil teria condições de substituir o petróleo russo", indicou.

Vista do terminal do Nord Stream antes da cerimônia inaugural do primeiro gasoduto duplo de 1.224 quilômetros através do mar Báltico, em Lubmin, na Alemanha, em 8 de novembro de 2011 - Sputnik Brasil, 1920, 22.02.2022
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