Diretor da Roscosmos cogita uso de 'aplicações militares' em nova estação espacial russa

Tendo em vista a atual situação geopolítica, Dmitry Rogozin não exclui a possibilidade de usar a futura estação de serviço orbital russa para fins militares.

A declaração do diretor da agência espacial russa, Dmitry Rogozin, foi dada nesta segunda-feira (14) durante entrevista à rádio Sputnik. Rogozin revelou que, caso a estação espacial russa estivesse em funcionamento, ele já teria colocado um fim às colaborações com os parceiros ocidentais na Estação Espacial Internacional (EEI).

"Se continuarmos a viver neste mundo hostil quando nossa estação de serviço orbital for implantada, e ainda tivermos um número limitado de aliados, então tornaremos essa estação militarmente aplicável", explicou Rogozin.

O diretor criticou as sanções impostas pelos países do Ocidente à Rússia e revelou que entrou em contato com seus homônimos nos Estados Unidos, Canadá e na União Europeia pedindo o cancelamento das sanções.

"Com base na resposta recebida no final deste mês, tomaremos decisões sobre o prazo do término de nosso trabalho conjunto na EEI", anunciou Rogozin.

O chefe da agência espacial russa acrescentou que, se o fim da cooperação internacional da Estação Espacial Internacional fosse anunciado agora, causaria "vários anos de pausa" em diversos projetos, devido à complexidade das tecnologias espaciais.

"Isto é muito perigoso. Todos os especialistas temem essa pausa, porque as competências podem desaparecer durante essa lacuna de experiência. Para atividades espaciais, esta é uma situação muito crítica", afirmou Rogozin

A previsão da Roscosmos é que a nova estação seja enviada ao espaço em 2025 e no ano seguinte receba seus primeiros tripulantes. Rogozin também deixou claro que, tendo em vista o atual panorama, somente cosmonautas russos serão autorizados na estação. Somente se "o asfalto for destruído por novas árvores e tudo se tornar rosa e feliz" o governo russo vai pensar em parcerias internacionais, esclareceu o diretor.

No entanto, Rogozin explicou que a estação russa não foi planejada para ser "uma estação nacional". O seu objetivo é ser "o mais simples possível" para poder receber um grande número de astronautas realizando estadias curtas, em um formato eficiente e econômico.