- Sputnik Brasil, 1920
Panorama internacional
Notícias sobre eventos de todo o mundo. Siga informado sobre tudo o que se passa em diferentes regiões do planeta.

'Pragmatismo e cautela': analista aponta caminho para diplomacia do Brasil com a crise na Ucrânia

© REUTERS / ALEXANDER ERMOCHENKOPessoas com bandeiras russas lançam fogos de artifício nas ruas de Donetsk após Rússia ter reconhecido a independência das repúblicas de Donbass, 21 de fevereiro de 2022
Pessoas com bandeiras russas lançam fogos de artifício nas ruas de Donetsk após Rússia ter reconhecido a independência das repúblicas de Donbass, 21 de fevereiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 24.02.2022
Nos siga no
Especiais
Qual posição a diplomacia do Brasil deve adotar diante das tensões em Donbass? Especialista em estudos estratégicos da UFF falou sobre o papel do Itamaraty neste momento.
Ao falar sobre as operações especiais militares na Ucrânia, Vladimir Putin, presidente russo, foi claro: "A Rússia foi deixada sem opções".
Ele explicou que a Rússia não pode mais ficar indiferente diante das ações dos EUA e aliados da OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte), que ameaçam a segurança do país, e anunciou a realização de uma operação especial militar na região de Donbass.
Embora Putin tenha destacado que a ocupação do território ucraniano não está nos planos da Rússia, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, se posicionou rapidamente sobre a decisão russa afirmando considerá-la "uma tragédia". O Itamaraty, por sua vez, apelou para uma "solução diplomática baseada nos acordos de Minsk", postura acertada no entendimento do especialista em relações internacionais Pedro Henrique Miranda Gomes.
Segundo o pesquisador, "a melhor posição para o Brasil é a cautela". Ele elogiou a nota do Ministério das Relações Exteriores e explicou que o pragmatismo sobre o direito internacional "está em linha com a diplomacia brasileira".

"O Brasil, enquanto uma potência regional, que não dispõe de um poder militar equiparado ao das grande potências, tradicionalmente, adota a defesa de soluções pacíficas para resolver litígios internacionais", comentou.

Para Gomes, a nota da chancelaria brasileira "aponta uma grave preocupação, mas essa é uma posição pacífica. O Itamaraty, é importante frisar, não fez nenhuma crítica a Putin. Nosso MRE [Ministério das Relações Exteriores] está fazendo um papel muito diplomático. O pragmatismo é um pilar da diplomacia brasileira e deve ser mantido neste momento".

Reação latina

Diversos líderes da América Latina (AL) se pronunciaram após a decisão de Vladimir Putin. Miranda Gomes entende que, nos próximos dias, "a AL, de uma forma geral, tende a seguir a postura brasileira, de maior cautela". A exceção, segundo ele, deve ser a Venezuela.
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (à esquerda), em encontro com o líder russo, Vladimir Putin, em Moscou - Sputnik Brasil, 1920, 16.02.2022
Panorama internacional
Ucrânia: Venezuela garante 'apoio total' a Putin
"Quando houve uma ameaça à Venezuela de conflito com os norte-americano, situação em que o governo brasileiro manifestou apoio aos EUA, foi a Rússia que garantiu a soberania e a defesa venezuelana", analisou.

Tentativa de evitar conflito mundial

A Sputnik Brasil também questionou o especialista sobre as recentes declarações da representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova. Ela comentou que a situação em torno da Ucrânia não é o começo de uma guerra, mas que se trata, pelo contrário, de uma tentativa de evitar um conflito mundial.
"Em primeiro lugar, é muito importante: isto não é o começo de uma guerra. Nosso intuito é evitar o desenvolvimento de eventos que poderiam levar a uma guerra mundial. Em segundo lugar, é o fim da guerra", indicou a diplomata ao canal NTV.
Segundo Pedro Henrique Miranda Gomes, para entender a declaração de Zakharova é necessário compreender que há uma narrativa ocidental em jogo criada pela OTAN e seus aliados, cuja tendência é de alinhamento aos EUA.
"A narrativa que corre é que Putin quer um governo autocrático, e quer rivalizar com o Ocidente, e tem desejos imperialistas herdados da União Soviética. É uma narrativa política que vai sendo criada, mas ela ignora a dinâmica internacional que há anos se arrasta no Leste Europeu", afirmou.
Ainda segundo a análise do especialista, "essa polarização criada pela imprensa ocidental é falta de conhecimento histórico, às vezes, falta contexto".
Bandeiras da Rússia e EUA com logo da OTAN ao fundo - Sputnik Brasil, 1920, 05.01.2022
Panorama internacional
Rússia disposta ao diálogo com OTAN, mas não vai negociar por negociar, diz MRE russo
Mais cedo, Zakharova também apontou que foram os EUA quem decidiram não realizar diálogo com a Rússia sobre a Ucrânia e a segurança global, lembrando que "foi justamente o lado norte-americano que recusou continuar as negociações". Ela sublinhou que as negociações deveriam abordar temas como a segurança global, estabilidade estratégica e a atual situação.
Para o especialista, as declarações do MRE da Rússia mostram um fato evidente: mesmo após o lançamento da operação, "há a manutenção de algum espaço aberto para uma futura negociação". A Rússia quer que o Ocidente volte a sentar à mesa de negociações.
Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала