Rússia procurará obter do Ocidente garantias de segurança de acordo com seus interesses, diz Lavrov

O Ocidente quer atrair a Ucrânia para a OTAN, mas isso não reforçará a segurança da aliança e vai minar as relações do Ocidente com a Rússia, afirmou Sergei Lavrov, o chanceler russo.

"Todas as vezes acontece que a linha que eles [países da OTAN] devem defender está se movendo cada vez mais para o leste. Agora chegou bem perto da Ucrânia. Também querem atrair este país [à OTAN]. Embora todo o mundo entenda que a Ucrânia não está pronta e não dará qualquer contribuição para o fortalecimento da segurança da OTAN", afirmou ministro das Relações Exteriores.

De acordo com ele, a adesão da Ucrânia à OTAN minará seriamente as relações do Ocidente com a Rússia, pois será uma violação grosseira do compromisso político oficial assumido pelos presidentes dos EUA e de outros países-membros da aliança.

Chefe da diplomacia russa acrescentou que na resposta da OTAN às propostas russas sobre garantias de segurança recebida de Bruxelas de Jens Stoltenberg, secretário-geral da aliança, "afirma-se orgulhosamente que a OTAN é uma aliança defensiva".

"Dificilmente pode ser chamada defensiva. Não esqueçamos que eles bombardearam a Iugoslávia durante quase três meses, invadiram a Líbia violando a resolução do Conselho de Segurança da ONU e como eles agiram no Afeganistão. Mesmo se concordarmos que eles são uma aliança defensiva. Quando a Guerra Fria estava em curso e existia o Muro de Berlim, era claro qual seria o território a defender. O muro não existe mais, no âmbito da OSCE proclamámos a amizade eterna, a indivisibilidade da segurança, a solidariedade, acordamos que ninguém deve reforçar a sua segurança à custa dos outros – eles continuam aceitando países (cinco ondas de expansão)", sublinhou Lavrov.

Ministro russo disse que a decisão de aceitar novos membros na OTAN deve estar em conformidade com as considerações de segurança da aliança, tal como estipulado no artigo 10º do Tratado de Washington que institui a Aliança do Atlântico Norte.

"Eles não têm apenas o direito de 'convido quem quiser', eles têm que ver como isso aumenta a segurança da própria aliança. Países com os quais mantemos boas relações – Montenegro, Macedônia [do Norte] – foram aceitos. Os autores americanos se perguntam: como isso reforçou a segurança da OTAN? Qual é o contributo desses países para a segurança do bloco, tendo em conta seus recursos militares e técnico-militares", observou Lavrov.

Rússia vai procurar obter do Ocidente garantias juridicamente vinculativas que garantam a segurança no continente europeu com plena e equitativa consideração dos interesses legítimos de Moscou.

Moscou quer ter relações boas, estáveis, equitativas e mutuamente respeitosas com os EUA e com qualquer outro país do mundo, declarou Lavrov.

Ele acrescentou que a Rússia tem seus próprios interesses, tal como os EUA. "Aprendemos com a experiência amarga, não queremos permanecer em uma situação em que a nossa segurança é comprometida diariamente", concluiu Lavrov.