Sistemas de ataque da OTAN na Geórgia vão criar ameaça para Rússia e seus aliados, diz MRE russo

A instalação na Geórgia de sistemas de ataque da OTAN vai criar uma ameaça direta para a Rússia e seus aliados, para Moscou isso é "uma linha vermelha", disse em entrevista à Sputnik o vice-chanceler russo, Andrei Rudenko.

"A integração da Geórgia na OTAN e a instalação no seu território de sistemas de armas de ataque são 'linhas vermelhas' para nós, uma vez que tais ações vão mudar crucialmente a conjuntura político-militar no Cáucaso do Sul e criarão uma ameaça direta à segurança da Rússia e de seus aliados na região", disse ele.

Mesmo assim, Rudenko notou que Moscou defende uma coexistência pacífica e cooperação equitativa com a Geórgia, apesar do rompimento dos laços por iniciativa de Tbilisi.

Na noite de 8 de agosto de 2008, a Geórgia bombardeou a partir de lançadores múltiplos de foguetes Grad a Ossétia do Sul, as tropas georgianas atacaram a república e destruíram uma parte de sua capital, Tskhinval. A Rússia, defendendo os residentes da Ossétia do Sul, muitos dos quais obtiveram cidadania russa, enviou suas tropas à república e, após cinco dias de confrontos, expulsou os militares georgianos da região. Em 26 de agosto de 2008, Moscou reconheceu a soberania da Abkházia e da Ossétia do Sul. As autoridades russas declararam várias vezes que o reconhecimento da independência das duas antigas autonomias georgianas reflete a realidade e não pode ser revisado.

"A Rússia defende a coexistência pacífica e a cooperação em igualdade com todos os Estados, inclusive com nossos vizinhos no Cáucaso do Sul. Isso se aplica plenamente à Geórgia, apesar do rompimento dos laços interestaduais por iniciativa de Tbilisi."

Adicionalmente, ele constatou que a proibição dos voos da Rússia para a Geórgia será cancelada quando forem criadas as premissas necessárias, incluindo as relacionadas com a situação epidemiológica. Acrescentou ainda que no caso da Geórgia também deve se levar em consideração os fatores políticos, mas o banimento de voos tem caráter temporário e pode ser cancelado, do que o lado georgiano está ciente.

Recentemente, o vice-chanceler russo Sergei Ryabkov anunciou que Moscou insta a OTAN a retirar oficialmente uma decisão tomada em 2008, conforme a qual a Ucrânia e Geórgia poderão um dia entrar na Aliança Atlântica.

Em 17 de dezembro, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia publicou os projetos de acordos com os Estados Unidos e com a OTAN sobre as garantias de segurança. Os documentos já foram transmitidos a Washington e seus aliados. Um dos pontos do projeto propõe que a Aliança Atlântica forneça garantias de não expansão da OTAN para o território ucraniano. Na opinião do vice-chanceler russo, se a OTAN e EUA não reagirem à exigência da Rússia a respeito de garantias de segurança, isso pode levar a uma nova rodada de confrontação.

Não há relações diplomáticas entre a Rússia e Geórgia, o diálogo entre as duas nações é mantido no âmbito das discussões de Genebra e das negociações de Praga desde 2012. Os laços foram rompidos pelo lado georgiano após o reconhecimento da soberania da Abkhásia e da Ossétia do Sul pela Rússia.