Preços do gás na Europa voltam a subir em meio ao atraso na certificação do Nord Stream 2

Nesta quarta-feira (16) o preço de mil metros cúbicos de gás natural liquefeito no índice TTF holandês chegou a superar US$ 1.700, um valor perto do máximo de US$ 1.937 registrado em outubro.

As reservas subterrâneas de gás da Alemanha caíram para menos de 60%, um "nível historicamente baixo" para o começo do inverno europeu, advertiu na quinta-feira (16) Sebastian Bleschke, diretor administrativo da INES, associação dos operadores alemães de sistemas de armazenamento de gás.

"Devido ao próprio inverno ainda estar pela frente, as reservas comparativamente baixas devem certamente ser geridas cuidadosamente. Se o uso continuar à velocidade atual, as reservas serão muito baixas em fevereiro", explicou Bleschke falando em entrevista ao jornal Handelsblatt.

Berlim tem tentado compensar parcialmente sua potencial falta de gás procurando novos contratos para gás natural liquefeito (GNL).

O preço do combustível de acordo com o índice de gás TTF tem sofrido um aumento nesta quinta-feira (16). Na quarta-feira (15) o preço estimado foi de US$ 1.545,6 (R$ 8.781,67) por mil metros cúbicos, mas na quinta-feira (16) o valor variou entre US$ 1.450 (R$ 8.781,67) e mais de US$ 1.700 (R$ 9.652,68), sendo cerca de US$ 1.650 (R$ 9.368,78) às 13h15, horário de Brasília, um crescimento influenciado pela recusa alemã de certificar o gasoduto russo Nord Stream 2, que transporta gás natural para a UE.

Esses valores não estão muito longe do recorde de US$ 1.937 (R$ 10.998,38), que foi registrado em outubro, apesar de no início de agosto o preço se fixar em somente US$ 515 (R$ 2.994,20). Trata-se da primeira vez em dois meses que ele supera a marca dos US$ 1.700.

Fornecimento de gás na Europa

A Alemanha e outros países europeus têm reportado durante meses níveis de reservas de gás invulgarmente baixos, levando a grandes aumentos nos preços energéticos, um fenômeno que tem sido atribuído a diversos fatores, desde uma alegada malevolência da Rússia a um mau planejamento da balança energética na região.

A Gazprom, empresa estatal de gás russa, expressou sua preocupação com os baixos níveis de gás nas instalações de armazenamento subterrâneo, calculando na semana anterior que quase um quarto do volume entregue já foi usado.

Vladimir Putin, líder russo, tem referido que a Rússia continua cumprindo todos os compromissos da entrega de combustível à Europa, e que o país está preparado para assinar novos contratos de fornecimento de gás ao continente.

O gasoduto russo Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) terminou sua construção neste ano, mas sua entrada em funcionamento tem sido impedida por sanções e ameaças dos EUA. Em 16 de novembro a certificação do consórcio Nord Stream 2 AG como operador independente do gasoduto foi suspensa pelo regulador alemão. É esperado que não seja tomada uma nova decisão sobre o assunto até a segunda metade de 2022.

Além da Rússia, os EUA também têm um contrato de fornecimento de GNL com os países europeus.