Água líquida até -44 ºC: descoberta científica pode revolucionar entendimento do Universo

Especialistas acreditam que o profundo conhecimento sobre a formação de gelo nos ajuda a expandir conceitos como flutuações do clima, o ciclo da água e sua influência na vida animal.

Os cientistas conseguiram manter a água em estado líquido até os -44 graus Celsius utilizando gotas muito pequenas. No estudo publicado na Nature Communications os autores contam que usaram uma série de diferentes tamanhos de gotas, variando entre 150 nanômetros, o tamanho do vírus influenza, e dois nanômetros, um conjunto de apenas 275 moléculas de água.

"Nós cobrimos toda essa faixa de tamanhos para que possamos entender em que condição o gelo vai se formar, em qual temperatura, qual o tamanho das gotas [...] E o mais importante, descobrimos que se as gotículas de água estiverem cobertas por certos materiais macios, a temperatura de congelamento pode ser suprimida a temperaturas realmente baixas", explicou Hadi Ghasemi, professor de engenharia mecânica da Universidade de Houston e um dos autores do estudo.

Tal estratégia torna possível atingir pontos de congelamento com temperaturas tão baixas, bem além do zero grau Celsius com que estamos familiarizados.

Outro desafio para os cientistas foi monitorar o congelamento de gotas tão pequenas. Os estudiosos usaram condução elétrica para registrar o momento em que a gotícula congelava. Como o gelo é mais condutivo que a água em forma líquida, os cientistas conseguiram determinar o momento exato do congelamento.

Com as novas informações, estudos posteriores vão poder expandir ainda mais determinadas noções do nosso planeta, como as flutuações de clima, o ciclo da água na natureza, a dinâmica das nuvens e, em especial, todo o ecossistema em regiões de frio extremo.

Além de avanços no entendimento da Terra, a descoberta também poderá impactar a produção de materiais em áreas críticas como a aviação e o setor de energia.

"Existem muitas maneiras de usar esse conhecimento para criar superfícies que evitem a formação de gelo. Assim que tivermos esse entendimento fundamental, o próximo passo é só desenvolver essas superfícies baseadas em materiais macios", explicou Ghasemi.