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Analista: fala polêmica de Trump contra Netanyahu é apenas reclamação agressiva e não afeta relações

© REUTERS . Brendan Mcdermid O presidente dos EUA, Donald Trump, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante coletiva de imprensa na Casa Branca para discutir o plano de paz para o Oriente Médio proposto por Trump.
 O presidente dos EUA, Donald Trump, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante coletiva de imprensa na Casa Branca para discutir o plano de paz para o Oriente Médio proposto por Trump. - Sputnik Brasil, 1920, 14.12.2021
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A Sputnik Brasil conversou com Leonardo Paz Neves, professor de Relações Internacionais do Ibmec RJ e especialista em política dos EUA, para compreender o fim do "casamento" de Trump com Benjamin Netanyahu.
O ex-presidente dos EUA Donald Trump criticou seu antigo aliado Benjamin Netanyahu em uma série de entrevistas, dizendo que se sentia traído pela mensagem do então primeiro-ministro de Israel a Joe Biden, parabenizando-o pela vitória nas eleições presidenciais dos EUA.
"Ele [falou] muito cedo. Mais cedo que a maioria. Desde então, não tenho falado com ele. Ele que se f**a", disse Trump na entrevista.
Para Leonardo Paz Neves, professor de Relações Internacionais do Ibmec RJ, as falas do ex-presidente Trump tiveram uma grande repercussão devido à sua agressividade.
Apesar da repercussão, o especialista ressalta que as falas de Trump não vão impactar na política entre os dois países, já que, na verdade, Trump apenas está reclamando do rápido reconhecimento de Benjamin Netanyahu à vitória de Joe Biden.
"Eu não fiquei chocado, pois é uma coisa que eu esperaria dele [Trump]. Eu fico mais chocado é com o espaço que a mídia dá para uma fala dessa", afirmou.

Falta de lealdade

Trump se queixou de falta de "lealdade" do ex-premiê de Israel, o que poderia indicar que havia apenas uma "amizade" política entre os dois.
De acordo com Leonardo Paz Neves, havia uma amizade pessoal entre os dois líderes, mas Trump exagera quando fala que foi seu melhor amigo.
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Contudo, o especialista observa que o governo de Trump talvez tenha sido o que "mais comprou" a agenda israelense, inclusive tentando criar um plano de paz em favor dos israelenses, bem como deu apoio financeiro.
"Ele foi o líder que apoiou quase acriticamente a política conservadora de Netanyahu. Então, nesse sentido, o Trump tem um pouco de razão. O Trump foi muito benevolente de certa maneira com Netanyahu [...]", observou.
Netanyahu, por sua vez, percebendo que Trump não venceria as eleições, tentou abrir um canal com Biden, já que possivelmente tenha notado que a grande lealdade ao Trump talvez causasse danos em relação ao Biden.
Trump não esperava que Netanyahu fosse parabenizar Biden tão rápido em uma época em que o ex-presidente ainda tentava reverter os números das eleições, e onde quanto mais os países demorassem a reconhecer Biden como novo presidente, mais eram as chances de Trump de reforçar seu argumento de que havia algo errado nas eleições presidenciais americanas.

Trump pode voltar à cena política?

Leonardo Paz Neves diz acreditar no retorno de Trump à cena política, já que ainda tem um forte apoio no Partido Republicano, e sabe que seu nome ainda capitaliza votos, com grande parte do partido achando que ele ainda seja um grande cabo eleitoral.
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"O Trump ainda tem bastante força política nos EUA. Há uma grande expectativa, neste momento, que ele possa tentar [concorrer] na próxima eleição", ressaltou.

Relações Biden vs. Gantz

As relações entre o presidente Joe Biden e o primeiro-ministro Benny Gantz hoje não são das melhores, pois o atual líder americano promoveu algumas mudanças, como a reabertura do consulado no leste de Jerusalém, reativando os laços com palestinos, o que desagrada aos israelenses mais conservadores.
Por sua vez, Benny Gantz também tem uma situação complicada, pois tem uma coalizão mais frágil que a que Netanyahu tinha.
"Toda vez que o Biden toma uma atitude que vai contra a agenda dele, ele precisa se organizar para dar um certo troco ou fazer algo mais agressivo, para poder mostrar aos conservadores que ele continua pelos interesses de Israel, e não está cedendo para os EUA [...]", destacou.
"A relação, de primeiro momento, parece boa, mas ficou um pouco sacudida por questões pontuais. Mas do ponto de vista estrutural não tem nada muito grave [...]", declarou.

Acordo nuclear e posição dos EUA

Questionado sobre a posição norte-americana na nova rodada de negociações do acordo nuclear com o Irã, o professor afirmou que por enquanto não há nada conclusivo, mas certamente será uma negociação difícil, e que ela se estenderá por algum tempo mais.
Além disso, o professor ressaltou que, no caso de Israel, o acordo não é de grande interesse, já que os israelenses preferem "espremer" cada vez mais o Irã economicamente, para que o país se empobreça cada vez mais.
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E se levantar as sanções contra o Irã, desbloquear os bens do Irã, é pior, com os iranianos recuperando sua musculatura em uma área convencional.
"Acredito que esse acordo não saia tão rápido, será preciso achar uma solução política e diplomática bem sofisticada para conseguir sentar à mesa novamente e sair com o acordo [...]", destacou.

Aliança entre EUA e Israel depende dos líderes?

Para Leonardo Paz Neves, a aliança entre os dois países independe dos líderes, já que é quase inviável que algum presidente americano renuncie à aliança com Israel.
Contudo, o especialista ressalta que em determinados momentos haverá uma maior aproximação e distanciamento em questões pontuais.
"A relação entre os dois países é estrutural, independe dos líderes. Acredito que os líderes vão conduzir aproximações e distanciamentos, mas dentro de um certo limite. Eles não vão estourar essa relação", concluiu.
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