DNA (imagem ilustrativa) - Sputnik Brasil, 1920
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Encontrado na península ibérica envenenamento por mercúrio mais antigo da história

© Depositphotos.com / GobliinsGotas de mercúrio
Gotas de mercúrio - Sputnik Brasil, 1920, 16.11.2021
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Um recente estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Sevilla na Revista Internacional de Osteoarqueologia revelou as profundas conexões entre o homem e o uso de uma substância altamente tóxica ao longo da história, o mercúrio.
Ao todo, 14 especialistas em biologia, química, física, arqueologia e antropologia estiveram envolvidos na produção do maior estudo já realizado sobre a presença do cinábrio (mineral de sulfeto de mercúrio) no corpo humano.
Intitulado "O uso e abuso de cinábrio no Neolítico Tardio e na Idade do Cobre na Península Ibérica", o artigo relata os resultados da pesquisa, que conta com uma amostra de restos de 370 indivíduos de 50 túmulos localizados na Espanha e Portugal, datados do Neolítico, Idade do Cobre, Idade do Bronze e Antiguidade, ou seja, cerca de 5.000 anos de história humana.
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Segundo os resultados do estudo, foi no início da Idade do Bronze que os níveis de exposição ao mercúrio apareceram de forma mais intensa. O período, que vai de 2.900 a 2.600 A.C., corresponde à época com a maior exploração e uso de cinábrio evidenciado pela pesquisa.
Segundo os pesquisadores, citados pelo Heritage Daily, foi neste momento da história que o uso social e cultural do mercúrio teve seu ápice, com a transformação do mineral em pó, que graças à sua coloração avermelhada servia como pigmentação para tinta, como "vermelho pompeiano", no famoso período da Antiguidade, ou "vermelhão" na arte moderna.
Considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO, a maior mina de cinábrio do mundo fica localizada em Almadén, na Espanha. A exploração do mineral, que data de 7.000 anos, no período Neolítico, ganha algum valor social, tornando-se um produto de usos variados, apenas na Idade do Cobre, há cerca de 5.000 anos.
No sul de Portugal e na Andaluzia, o pó de cinábrio foi encontrado em diversos túmulos com usos variados. Foi identificado como pigmento de tinta para decoração de estatuetas, câmaras fúnebres, ou mesmo em pó sobre os corpos dos mortos, o que teria resultado em um alto nível de contaminação por inalação ou consumo acidental, levando a acúmulos surpreendentes de mercúrio nos corpos: cerca de 400 partes por milhão (ppm) chegaram as ser registradas em algumas ossadas. Para se ter uma ideia dos níveis de contaminação, atualmente a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que o nível normal de mercúrio no cabelo não deve ser superior a 1 ou 2 ppm.
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O alto nível de contaminação deve ter afetado fortemente a saúde das pessoas desse período, segundo os pesquisadores, que não descartam ainda a ingestão ou inalação deliberadas da substância em rituais sagrados. As evidências científicas apresentadas pelo estudo abrem um novo capítulo na história da Humanidade, revelando a relação do homem com uma das substâncias mais peculiares já encontradas ao longo da história e nos auxiliando a compreender seus reflexos diretos na saúde humana.
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