Guerra no Afeganistão foi 'sucesso logístico, mas fracasso estratégico', admite general dos EUA

© REUTERS / Olivier DoulieryLloyd Austin, secretário da Defesa dos EUA, Mark Milley, general e presidente do Estado-Maior, e Kenneth F. McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, chegam a audiência do Comitê de Serviços Armados da Casa dos Representantes no prédio do Escritório da Casa Rayburn do Capitólio, Washington, EUA, 29 de setembro de 2021
Lloyd Austin, secretário da Defesa dos EUA, Mark Milley, general e presidente do Estado-Maior, e Kenneth F. McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, chegam a audiência do Comitê de Serviços Armados da Casa dos Representantes no prédio do Escritório da Casa Rayburn do Capitólio, Washington, EUA, 29 de setembro de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 29.09.2021
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Dois generais norte-americanos e o chefe do Pentágono falaram sobre o fim da participação dos EUA na guerra do Afeganistão, com um deles referindo que não esperavam um colapso tão rápido por parte do governo afegão.
Mark Milley, general dos EUA, avaliou na quarta-feira (29) a retirada das forças norte-americanas do Afeganistão e o esforço de evacuação subsequente do aeroporto de Cabul, Afeganistão, onde um ataque terrorista matou pelo menos 170 afegãos e 13 militares norte-americanos, como um "sucesso logístico, mas fracasso estratégico".
"É óbvio que a guerra no Afeganistão não terminou nos termos que queríamos", comentou Milley no primeiro de dois dias de audiências no Congresso dos EUA sobre o Afeganistão, que incluía Lloyd Austin, secretário de Defesa, e Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA.
"Devemos lembrar que o Talibã era e continua sendo uma organização terrorista e ainda não quebrou os laços com a Al-Qaeda [as duas organizações são proibidas na Rússia e em vários outros países]. Não tenho ilusões com quem estamos lidando. Resta saber se o Talibã pode ou não consolidar o poder, ou se o país continuará se fraturando em guerra civil", falou o general.
De acordo com os três líderes militares, a administração Biden foi aconselhada durante seus primeiros meses de governo a manter uma pequena força norte-americana de cerca de 2.500 militares no país.
"Os tomadores de decisão não são obrigados, de forma alguma, a seguir esse conselho", referiu Milley, apesar de Biden ter negado isso em uma entrevista de 19 de agosto à emissora ABC News.

'Dano' na 'credibilidade' dos EUA

Questionados sobre o assunto, Austin admitiu que o colapso do Exército do Afeganistão nas últimas semanas da guerra pegou de surpresa os principais comandantes do Exército dos EUA.
"Precisamos considerar algumas verdades incômodas: que não compreendemos completamente a profundidade da corrupção e da má liderança em suas fileiras superiores, que não compreendemos o efeito prejudicial de rotações frequentes e inexplicáveis dos comandantes do [ex-]presidente [Ashraf] Ghani, que não antecipamos o efeito bola de neve causado pelos acordos que os comandantes talibãs fizeram com os líderes locais", apontou o secretário de Defesa.
Ele também defendeu a decisão da administração Biden de fechar a base aérea de Bagram no início de julho e utilizar o Aeroporto Internacional de Cabul para realizar uma evacuação maciça, após a tomada da capital pelo Talibã em 15 de agosto.
"Permanecer na posse de Bagram teria exigido a colocação de até 5.000 tropas dos EUA em perigo, apenas para operá-la e defendê-la [...] teria contribuído pouco para a missão que nos havia sido designada, que era proteger e defender nossa embaixada a cerca de 30 milhas [48 quilômetros] de distância", afirmou, e defendeu a necessidade de concluir a evacuação até 31 de agosto devido uma ameaça iminente às tropas norte-americanas.
© REUTERS / Olivier DoulieryLloyd Austin, secretário da Defesa dos EUA, Mark Milley, general e presidente do Estado-Maior, e Kenneth F. McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, testemunham durante audiência do Comitê de Serviços Armados da Casa dos Representantes no prédio do Escritório da Casa Rayburn do Capitólio, Washington, EUA, 29 de setembro de 2021
Lloyd Austin, secretário da Defesa dos EUA, Mark Milley, general e presidente do Estado-Maior, e Kenneth F. McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, testemunham durante audiência do Comitê de Serviços Armados da Casa dos Representantes no prédio do Escritório da Casa Rayburn do Capitólio, Washington, EUA, 29 de setembro de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 09.11.2021
Lloyd Austin, secretário da Defesa dos EUA, Mark Milley, general e presidente do Estado-Maior, e Kenneth F. McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, testemunham durante audiência do Comitê de Serviços Armados da Casa dos Representantes no prédio do Escritório da Casa Rayburn do Capitólio, Washington, EUA, 29 de setembro de 2021
Depois que o último militar partiu em 30 de agosto, houve relatos de mais de uma centena de norte-americanos, a maioria se não todos com cidadania dupla, deixados para trás.
"Ficar mais tempo do que fizemos teria tornado a situação ainda mais perigosa para nosso povo, e não teria alterado significativamente o número de evacuados que poderíamos retirar", indicou o chefe do Pentágono. Milley concordou com essa avaliação, senão "no dia 1º de setembro voltaríamos à guerra novamente com o Talibã", o que, disse, colocaria cidadãos dos EUA em perigo.
Ponderando as consequências da retirada afegã, o general declarou que a "credibilidade dos EUA junto aos aliados e parceiros em todo o mundo e junto aos adversários" estava agora sendo revista. "Acho que 'dano' é uma palavra que poderia ser usada, sim", admitiu ele.
A administração de Joe Biden, presidente dos EUA, tem estado sob fogo no país e internacionalmente pela forma como evacuou cidadãos norte-americanos e aliados, deixando para trás dezenas de milhares de afegãos vulneráveis.
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