Captura do poder no Afeganistão pelo Talibã vai remodelar Oriente Médio, avisa funcionário árabe

© AP Photo / Amr NabilSauditas no estacionamento durante o 41º Conselho de Cooperação do Golfo em Al Ula, Arábia Saudita, 5 de janeiro de 2021
Sauditas no estacionamento durante o 41º Conselho de Cooperação do Golfo em Al Ula, Arábia Saudita, 5 de janeiro de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 15.09.2021
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O controle dos talibãs sobre todo o Afeganistão, que foi como "um terremoto devastador", vai remodelar Oriente Médio por muitos anos, disse um alto funcionário do golfo Pérsico em conversa com The Guardian.
De acordo com suas palavras ditas ao jornal, apesar das promessas do Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), o grupo militante permanece "em sua essência o mesmo".
Falando sob anonimato, o funcionário disse também que a retirada rápida e caótica dos EUA pôs em questão para os Estados da região o valor das promessas americanas de prover a segurança deles nos próximos 20 anos. A saída do Afeganistão significa que Washington acabou com a chamada doutrina do presidente Carter, que prometia que o país dependente do petróleo utilizaria a força militar com o objetivo de defender seus interesses no Golfo.
Na sequência disso, a partir de agora será bem problemático para os Estados da região contarem com o "guarda-chuva de segurança" dos EUA.
Além do mais, nesses 20 anos que os EUA passaram no país centro-asiático, combatendo quem usou o Islã em seus próprios interesses, no final não conseguiram nada. Do ponto de vista do funcionário, agora os líderes da África Ocidental e da região do Sahel vão ter de se preocupar com a ascensão do extremismo islâmico.
A maior surpresa para ele foi o grau de incompetência da operação norte-americana e a tensão das "lutas burocráticas internas que mancharam o pensamento dos EUA".
Hoje, segundo ele, podemos considerar o Afeganistão uma vitória do Paquistão e um novo âmbito de oportunidades para a China, enquanto o papel dos EUA será mínimo. "Se houver uma luta geopolítica pelo Afeganistão, nós vamos ver o Paquistão e a China de um lado e a Índia, o Irã e a Rússia do outro."
Muitos Estados do golfo Pérsico já iniciaram a revisão de sua política externa, levando em conta o fato que os EUA dependem cada vez menos do petróleo e tendem mais a estar distantes. Mas agora o processo se acelerará ainda mais, o que levará ao realinhamento das alianças. O objetivo geral será a desescalada das tensões na região, enquanto alguns rivais históricos vão tentar estabelecer laços mais pragmáticos.
O Irã, sob o governo anterior liderado por Hassan Rouhani, começou negociações com a Arábia Saudita no nível da cooperação entre serviços de inteligência. O funcionário também notou que Riad e Moscou firmaram um acordo de segurança, o que indica que na época pós-carbono os Estados do Golfo querem diversificar suas fontes de segurança longe dos EUA.
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