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BR dos Rios: pedágios em hidrovias podem prejudicar usuário, diz especialista 

© Folhapress / Tarso SarrafCrianças em canoa remam em direção à balsa de transporte de caminhões no rio Buiuçu, no município de Melgaço, na Ilha de Marajó, no Pará
Crianças em canoa remam em direção à balsa de transporte de caminhões no rio Buiuçu, no município de Melgaço, na Ilha de Marajó, no Pará - Sputnik Brasil, 1920, 21.05.2021
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Projeto BR dos Rios, que incentiva navegação por hidrovias, é interessante, mas precisa ter viabilidade econômica e cobrar pedágio pode prejudicar usuário tradicional, disse especialista à Sputnik Brasil.

A iniciativa, do Ministério da Infraestrutura, deveria ter ficado pronta no início de 2021, mas o projeto ainda está em fase de estudos e negociações com o mercado. Seu objetivo é estimular o transporte fluvial no Brasil, a exemplo do BR do Mar, que busca incentivar a navegação de cabotagem. 

Para alcançar a sua meta, uma das propostas analisadas é uma espécie de privatização e concessão de rios navegáveis, com a cobrança de pedágios, a exemplo do que ocorre em grandes rodovias brasileiras. 

"Teria que ver até que ponto a privatização ou a concessão de vias navegáveis, ainda que se tenha que fazer infraestrutura, não vai se tornar um negócio prejudicial para o usuário normal hoje da hidrovia", afirmou o especialista em logística e mestre em engenharia de transportes Mauro Roberto Schlütter. 

De acordo com o especialista, exemplos anteriores de privatizações no Brasil, como no caso das ferrovias, não responderam a todos os preceitos logísticos, que são a melhoria da infraestrutura e o barateamento do serviço.

Construção de barragens

Ao mesmo tempo, ele diz que vê o projeto BR dos Rios com "muito bons olhos", pois o "Brasil tem grandes vias que podem se tornar navegáveis com a construção de pequenas barragens para elevar o nível dos rios e criar um calado [nível de água necessário para sustentar uma embarcação]". 

Por outro lado, Schlütter pondera que o projeto precisa ser bem estudado para se verificar sua viabilidade econômica. O professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Campinas explica que a vocação dos rios é para o transporte de cargas sazonais, como as safras agrícolas, assim como de produtos como carvão e adubo. 

O especialista ressalta que as hidrovias têm "um movimento bastante atípico", no qual, após um "uso intenso", "ficam um bom período de tempo paradas".

"E esse bom período de tempo parado significa que os recursos que foram implantados para torná-las navegáveis e economicamente viáveis para o transporte precisam ser pagos. Tem que ver se isso não vai ser mais um elemento de infraestrutura que vai ser subsidiado pela população brasileira", ponderou o professor. 

'Tirar veículos das rodovias'

Schlütter diz ainda que o transporte rodoviário é mais procurado por sua disponibilidade e prazo relativamente curto de entrega, mas que incentivar o uso dos rios pode trazer "dinamismo" para o setor. 

"A navegabilidade pelos rios ia trazer um grande conforto para quem é embarcador, pois vai se transportar em grande lotes e vai se tirar uma série de veículos das rodovias, gerando também conforto para os usuários das rodovias", avaliou.
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