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Pandemia em alta, inflação e fim de auxílio pioraram recuperação do Brasil, diz economista

© REUTERS / Bruno KellyGrupo participa de enterro de vítima do coronavírus no cemitério Parque Taruma, em Manaus, no Amazonas
Grupo participa de enterro de vítima do coronavírus no cemitério Parque Taruma, em Manaus, no Amazonas - Sputnik Brasil, 1920, 11.05.2021
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Combinação de aumento de casos da COVID-19, diminuição do poder de consumo da população e fim do auxílio emergencial explicam piora nos índices econômicos no país, disse especialista à Sputnik Brasil.

Pelo segundo mês consecutivo, os indicadores da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram um abrandamento do crescimento econômico no Brasil. Por outro lado, há uma expansão constante na maioria das nações que integram a entidade. 

O economista Ricardo Summa, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que o PIB teve uma queda muito forte nos primeiros meses da pandemia do coronavírus, em 2020. 

"Mas com uma inflação ainda baixa, juros baixos, uma política monetária mais expansionista, e, principalmente, com o auxílio de R$ 600, que se mostrou uma política muito acertada agora que a gente olha para trás, houve uma retomada parcial do PIB em alguns setores. Isso mostra o impacto da política de transferência de renda", afirmou o professor. 

Piora da pandemia

No entanto, houve a diminuição dos valores do benefício e, depois, sua interrupção nos primeiros meses de 2021, retornando no segundo trimestre com valores ainda menores. 

"Além disso, vem uma inflação de custos, com um câmbio que se desvalorizou, combinado com a alta do preço das commodities à medida que a economia se recupera. Por um lado, o consumo é afetado pela falta de transferência e, por outro, os salários reais diminuem muito pela desvalorização cambial em conjunto com o aumento dos preços em dólar, por exemplo da gasolina e alimentos, diminuindo o poder de compra da população", explicou Summa. 

Segundo o economista, esses fatores se juntam à piora da pandemia no Brasil, embora o aumento dos casos e mortes tenha atingido seu pico após os três primeiros meses do ano. 

"A interrupção do auxílio, inflação de custos e a volta da pandemia explica a provável queda do PIB no primeiro trimestre em relação ao ano passado", disse Summa.

Os indicadores para o Brasil, de acordo com o relatório da OCDE, caíram de 103, em março, para 102,8, em abril. Isso significa que o crescimento brasileiro continua, mas com tendência de desaceleração. O Brasil é a única grande economia do grupo que aparece com essa sinalização de abrandamento da recuperação. 

'Só a vacinação nos tirará da recessão'

Segundo o economista Cláudio Considera, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), as atividades mais atingidas pela pandemia foram comércio, transportes e serviços como hotéis e restaurantes, que necessitam da circulação da população para crescer. 

"Examinando-se as atividades econômicas mais atingidas pela pandemia, durante este ano e meio passado, verifica-se uma forte retração das atividades de comércio, transportes e outros serviços que engloba hotéis, restaurantes, educação e saúde. Estas atividades não podem prescindir da interação entre as pessoas e as perdas de produção nelas foram bastante fortes, com quedas de até 25% que ainda não se tornaram positivas", explicou. 

"Para que essas atividades voltem a crescer é necessário conter a pandemia, acelerando a vacinação. Só a vacinação nos tirará da recessão", ressaltou o especialista. 

Volta da fome

Summa também aponta o fim da crise sanitária como condição necessária para que o Brasil, pelo menos, volte ao patamar de estagnação anterior à pandemia. 

"Para voltar a crescer e se recuperar realmente, é preciso vacinar e superar a pandemia. Mas como se diz em matemática, isso é uma condição necessária, mas não suficiente", disse o economista da UFRJ.

Segundo ele, para além dos índices ruins e do desemprego, a gravidade da situação pode ser medida por mais dois fatores: a volta da fome ao Brasil e o encolhimento da chamada nova classe média. 

Emprego e renda

O economista da FGV, por sua vez, afirma que uma melhora depende de um "programa de sustentação de emprego e renda". 

"A economia está em recessão desde o início da pandemia em março de 2020 e não dá qualquer sinal de recuperação. A possibilidade de melhora depende de uma ação do governo no sentido de um programa de sustentação de emprego e renda", disse Considera à Sputnik Brasil.
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