Desaceleração econômica está alimentando uso de criptomoedas na Argentina

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Moedas com os logotipos das criptomoedas bitcoin, litecoin e ethereum - Sputnik Brasil, 1920, 04.05.2021
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Argentinos estão recorrendo às criptomoedas para evitar crise financeira diante da pesada desaceleração econômica no país, com alta inflação, moeda em declínio e escassez de dólares para investir.

A Argentina está em recessão desde 2018, com uma inflação média de 45% nos últimos três anos e uma contração do PIB de 9,9% em 2020. A desaceleração econômica no país tem feito os argentinos buscarem refúgios seguros para seus rendimentos para se proteger de crises, levando-os a apostarem nas criptomoedas.

A pobreza assombra dois em cada cinco argentinos e o desemprego está em 11%. Com a valorização do bitcoin, por exemplo, agora valendo cerca de US$ 60 mil, ou 5,6 milhões de pesos (valor próximo a R$ 330 mil), aqueles que desejam reservar dinheiro têm olhado com mais atenção para este mercado crescente.

Já existem cerca de dois milhões de contas de comércio de moedas digitais no país, que conta com uma população de 45 milhões de pessoas. Os argentinos têm apostado seu dinheiro em bitcoin, tether, etherium ou dai.

© flickr.com / Hernán PiñeraO centro da cidade de Buenos Aires
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O centro da cidade de Buenos Aires
"O número de contas de usuários para investir em 'criptomoedas' se multiplicou por dez na Argentina desde 2020", disse Maximiliano Hinz, diretor latino-americano da bolsa de criptomoedas Binance, a maior do mundo em volume de comércio.

As criptomoedas oferecem alívio das baixas taxas de juros e um limite imposto pelo governo para compra de dólares de US$ 200 (equivalente a quase R$ 1.090) por mês em uma população acostumada a economias dolarizadas.

"Não é por acaso que Argentina e Venezuela, países com alta inflação, são os principais polos de criptomoedas da América do Sul", disse Marcos Zocaro, especialista em ativos digitais.

'Ouro digital' valorizado

Onde antes a criptomoeda pode ter sido a reserva dos magos da tecnologia, as plataformas de negociação "evoluíram para criar pontes para um público sem educação financeira", disse Sebastián Valdecantos, economista e fundador do Moneda PAR, um sistema de crédito argentino on-line. Em algumas plataformas, são necessários apenas dois cliques para fazer uma compra ou venda.

Também não se limitando mais aos ricos, argentinos de todas as origens e faixas etárias estão embarcando, com investimentos possíveis a partir de um único peso. "Tenho clientes mais antigos que costumavam ter medo de fazer um depósito fixo em um banco, mas estão comprando criptomoedas sem medo de correr o risco", revelou Zocaro.

© AP Photo / Peter PrengamanPesos argentinos em uma casa de câmbio em Buenos Aires
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Pesos argentinos em uma casa de câmbio em Buenos Aires

Na Argentina, é cada vez mais comum comprar e vender de tudo, desde carros ou roupas de segunda mão até aulas de inglês em sites que operam em moeda virtual. O gigante do comércio eletrônico Mercado Livre anunciou na semana passada que tornaria possível para as pessoas comprarem imóveis argentinos com bitcoins, antes exclusivamente negociados em dólares americanos. Para se ter uma ideia, hoje, por dois bitcoins dá para comprar um apartamento no centro de Buenos Aires.

Os investidores de criptomoedas tendem a ser pessoas avessas ao risco, disse o jornalista especializado Emiliano Limia ao Tech Xplore. Por esse motivo, muitos buscam evitar a montanha-russa de preços do bitcoin optando por moedas menos conhecidas, principalmente aquelas vinculadas a uma cesta de ativos que inclui o dólar, para minimizar a exposição à volatilidade.

Existem também razões globais para o interesse recém-descoberto em criptomoedas, conta Limia: "Desde o início da pandemia, os pacotes de estímulo em todos os países desvalorizaram as moedas em relação a bens escassos como o bitcoin, cuja emissão limitada o transforma em ouro digital."
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