Nova 'corrida espacial'? Especialistas temem que China faça uso militar de sua estação espacial

© REUTERS / China Daily Foguete Longa Marcha-5B Y2 transporta módulo da estação espacial chinesa Tianhe, em Wenchang, na província de Hainan, China, 29 de abril de 2021
Foguete Longa Marcha-5B Y2 transporta módulo da estação espacial chinesa Tianhe, em Wenchang, na província de Hainan, China, 29 de abril de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 03.05.2021
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Com o lançamento do módulo central de sua primeira estação espacial, a China consolida seu lugar no mundo como potência indiscutível na área. A ação é considerada um marco importante na exploração espacial mundial.

Na semana passada, Pequim lançou com sucesso o primeiro módulo de sua própria estação espacial, a Tianhe. A cabine do módulo central foi lançada em órbita terrestre baixa a bordo do foguete Longa Marcha-5B Y2 do espaçoporto de Wenchang, na província de Hainan, no sul da China.

Assim, o país dá o pontapé inicial em um ambicioso projeto de construção que deve durar dois anos. A estação espacial modular ficará 370 quilômetros acima da Terra. O módulo Tianhe pesa cerca de 22 toneladas e funcionará como o principal centro de gerenciamento e controle para a futura estação espacial da China, enquanto hospeda três astronautas para missões em órbita de longo prazo pela estatal Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC, na sigla em inglês).

A CASC anunciou que o módulo, que é "a maior, mais pesada e mais complicada espaçonave que a China desenvolveu até hoje, fornecerá aos astronautas um espaço de vida e trabalho de aproximadamente 50 metros cúbicos. Este espaço aumentará para cerca de 110 metros cúbicos, uma vez que os outros dois módulos de experimentos estejam no lugar".

O país se juntou ao clube de elite das potências espaciais, composto por alguns países seletos, com o lançamento de sua própria estação espacial. Apenas dois outros países têm capacidade para enviar voos humanos ao espaço, que são os EUA e a Rússia.

A estação espacial chinesa consistirá em três módulos, sendo Tianhe a primeira seção com o lançamento planejado de outros dois módulos em breve. Estima-se que a estação estará operacional por volta de 2022, exatamente três décadas após a nação ter aprovado o Projeto 921 para desenvolver voos espaciais tripulados em 1992.

© REUTERS / China DailyFoguete Long March-5B Y2, transportando o principal módulo da estação espacial Tianhe, da China
Nova 'corrida espacial'? Especialistas temem que China faça uso militar de sua estação espacial - Sputnik Brasil, 1920, 03.05.2021
Foguete Long March-5B Y2, transportando o principal módulo da estação espacial Tianhe, da China

Conforme anunciado anteriormente pela Administração Espacial Nacional da China, a estação espacial será usada para conduzir experimentos, alguns dos quais incluem pesquisa de ciência de materiais, trabalho com átomos ultrafrios para pesquisar mecânica quântica e experimentos em medicina na microgravidade. Nações parceiras também conduzirão experimentos a bordo da estação chinesa, incluindo a Agência Espacial Italiana e o Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior.

O país anunciou que está aberto a qualquer nação que pretenda fazer parceria com a China em colaboração científica e pesquisa a bordo da estação.

"Outro propósito da construção da estação espacial é acumular experiências para futuras missões no espaço profundo, inclusive para a Lua. O sistema de suporte de vida renovável a ser testado no espaço explorará ainda mais a possibilidade de cultivo de grãos e vegetais, mais tarde realizando um ciclo autossuficiente na Lua", disse Bo Linhou, vice-designer-chefe do módulo central Tianhe, ao Global Times.

Uso militar da estação espacial chinesa

No entanto, muitos no Ocidente levantaram preocupações sobre as ambições clandestinas por trás da construção de sua própria estação pela China.

Um relatório de inteligência sobre ameaças globais, divulgado recentemente pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional dos EUA, diz que a intenção do Exército Popular da China é "minar a vantagem de informação dos militares dos EUA".

O relatório também menciona a estação espacial que está sendo construída pelo país, alertando que "Pequim está trabalhando para igualar ou exceder as capacidades dos EUA no espaço para obter benefícios militares, econômicos e de prestígio".

Rick Fisher, do Centro Internacional de Avaliação e Estratégia, que é membro sênior para assuntos militares asiáticos, afirmou no podcast do New John Batchelor Show que a China esteve planejando a construção desta estação espacial por cerca de 20 anos.

"A China quer esta estação espacial tanto para fins comerciais civis quanto para missões militares. Ela conduzirá experimentos científicos, experimentos de produção, experimentos de produção de materiais", contou.

A imagem mostra o módulo central da estação espacial chinesa Tianhe e o foguete Longa Marcha 5B (Skywalker)

"Espero que, como o programa espacial da China é controlado pelo Exército de Libertação Popular, que buscou o máximo de benefícios de uso duplo dos programas espaciais tripulados e não tripulados da estação espacial, bem como das futuras bases lunares, todos terão elementos de uso duplo, ou seja, elementos militares", acrescentou Fisher.

Ao ser questionado se se tratava mesmo de uma operação militar, ele respondeu afirmativamente. A China aumentou tremendamente o financiamento geral do governo das atividades espaciais em 2020, e o país é superado apenas pelos Estados Unidos.

As agências espaciais da China foram proibidas de trabalhar com a NASA depois que os EUA aprovaram a "Emenda Wolf", restringindo qualquer troca de informações entre a agência espacial americana e a Agência Espacial Nacional da China ou outras organizações espaciais chinesas.

A estação espacial chinesa, embora tenha apenas um quarto do tamanho da Estação Espacial Internacional, é financiada exclusivamente pela China e o lançamento representa um trampolim para o país atingir muitos marcos revolucionários na exploração espacial, dizem os especialistas. Eles também afirmam que, embora a colaboração com a agência espacial russa tenha ajudado em grande parte da capacidade de voos tripulados, a China teria chegado à cena mundial por mérito próprio.

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