Senador Graham: retirada de tropas dos EUA do Afeganistão 'prepara caminho' para novo 11 de setembro

© AP Photo / Jacquelyn MartinSenador republicano Lindsey Graham (foto de arquivo)
Senador republicano Lindsey Graham (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 15.04.2021
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O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que as tropas do país presentes no Afeganistão deixarão Cabul antes do 20º aniversário dos ataques de 11 de setembro, e a retirada começa já em 1º de maio.

O senador republicano Lindsey Graham advertiu que o compromisso do presidente democrata Joe Biden de retirar totalmente as tropas norte-americanas do Afeganistão até 11 de setembro de 2021 está "preparando o caminho" para outro 11 de setembro", em referência ao ataque terrorista mais mortífero da história, perpetrado pela Al-Qaeda (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países) em Nova York, EUA.

"Com todo o respeito ao presidente Biden, você não acabou com a guerra, você a estendeu. Você a tornou maior, não menor", disse o senador dos EUA pela Carolina do Sul durante uma entrevista coletiva no Capitólio.

O senador republicano, que atuou durante a Guerra do Golfo (1990-91) e serviu na Guerra do Afeganistão durante o recesso do Senado norte-americano de agosto de 2009, apontou o exemplo manifesto dos acontecimentos que se seguiram à retirada total das tropas do Iraque em 2011.

Senador Lindsey Graham sobre a retirada das tropas do Afeganistão: "O presidente Biden, infelizmente, escolheu a opção de maior risco disponível, que é partir de qualquer maneira".

O político republicano acrescentou que o presidente norte-americano está facilitando a ascensão do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em muitos outros países) na região.

"Ele [Biden] está colocando o Afeganistão em um caminho para se deteriorar rapidamente e para o inimigo, o Islã radical, se reconstituir. Tudo pode ser evitado com um compromisso mínimo em comparação com o passado", afirmou Graham.

Retirada dos EUA do Afeganistão

Biden declarou nesta quarta-feira (14) que os EUA devem iniciar a retirada final do Afeganistão a partir de 1º de maio. O presidente norte-americano Biden disse que as razões para permanecer no Afeganistão "se tornaram cada vez mais obscuras" e que os EUA "cumpriram" seu objetivo no país.

"As tropas dos EUA, bem como as forças desdobradas por nossos aliados e parceiros operacionais da OTAN, estarão fora do Afeganistão antes de marcarmos o 20º aniversário do ataque hediondo de 11 de setembro, mas não tiraremos nossos olhos da ameaça terrorista", afirmou Biden.

Biden também pediu a outros países, especialmente o Paquistão, mas também China, Índia, Rússia e Turquia, que façam mais para apoiar o Afeganistão.

© REUTERS / Andrew HarnikO presidente dos EUA, Joe Biden, faz comentários sobre seu plano de retirar as tropas americanas do Afeganistão, na Casa Branca, Washington, EUA, 14 de abril de 2021
Senador Graham: retirada de tropas dos EUA do Afeganistão 'prepara caminho' para novo 11 de setembro - Sputnik Brasil, 1920, 15.04.2021
O presidente dos EUA, Joe Biden, faz comentários sobre seu plano de retirar as tropas americanas do Afeganistão, na Casa Branca, Washington, EUA, 14 de abril de 2021

O ex-presidente norte-americano, o republicano Donald Trump, chegou a um acordo com o movimento Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e demais países) em 2020, estabelecendo a retirada de tropas em 1º maio de 2021, em troca da promessa dos insurgentes de não apoiar a Al-Qaeda ou outras organizações extremistas.

Retirada de outros países

O Reino Unido, que conta com cerca de 750 soldados no Afeganistão, anunciou na quarta-feira (14) que retirará quase todos os seus homens de Cabul. Além disso, o Reino Unido planeja devolver ao governo do Afeganistão o controle da Academia Militar de Cabul, onde soldados britânicos treinam militares afegãos.

Nesta quinta-feira (15), a Austrália comunicou a retirada de suas tropas do país até setembro. A contribuição da Austrália para a missão contou com até 15 mil pessoas, mas atualmente apenas 80 permanecem no Afeganistão.

"Em linha com os EUA e outros aliados e parceiros, as últimas tropas australianas restantes partirão do Afeganistão em setembro [...]. A decisão representa um marco significativo na história militar da Austrália", afirmou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, citado pela agência Associated Press.

Reação do Talibã

Comentando as declarações de Biden, o Talibã reiterou na quarta-feira (14) que queria que todas as forças estrangeiras deixassem o Afeganistão "na data especificada no Acordo de Doha", celebrado em 29 de fevereiro.

No Twitter, o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, alertou contra a violação do acordo.

​Se o acordo for violado e as forças estrangeiras não conseguirem sair de nosso país na data especificada [1º de maio], os problemas certamente se agravarão e aqueles que não cumprirem o acordo serão responsabilizados.

O presidente Biden advertiu o Talibã que se "eles nos atacarem enquanto nos afastamos, defenderemos a nós mesmos e a nossos parceiros com todas as ferramentas à nossa disposição".

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