EUA precisam agir para poder competir com China no espaço, diz mídia

© Sputnik / Ilya BogachevExibição de modelos pequenos de foguetes chineses
Exibição de modelos pequenos de foguetes chineses - Sputnik Brasil, 1920, 16.03.2021
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Especialistas argumentam que os EUA precisam investir rapidamente em setores-chave para não perderem em breve a hegemonia no espaço para os rivais chineses.

O portal Defense News publicou nesta terça-feira (16) um artigo assinado por dois especialistas em defesa que ressalta os fulgurantes avanços recentes da China em missões espaciais e alerta para o perigo de os EUA ficar para trás.

"No nível estratégico, a China está combinando os segmentos civil, de defesa e comercial para avançar seu acesso e capacidades no espaço. Enquanto outros países, incluindo os EUA, falam em fundir essas linhas, a China já está fazendo isso, possibilitada em parte por sua economia de comando", escrevem Blaine Pellicore, vice-presidente de defesa da empresa espacial Ursa Major Technologies, e Nicholas Nelson, membro sênior do Programa Transatlântico de Defesa e Segurança no Centro de Análise de Política Europeia (CEPA, na sigla em inglês).

Os dois especialistas destacam que 2020 foi um ano "revolucionário" para o programa espacial da China. O lançamento do BeiDou-3, o sistema de navegação por satélite desenvolvido no país, a primeira missão não tripulada independente a Marte e a coleta de amostras da superfície lunar são apenas algumas das conquistas de Pequim no último ano.

© AP Photo / Administração Nacional do Espaço da China / XinhuaSimulação gráfica fornecida que mostra a combinação do orbitador-retornador da sonda Chang'e-5, da China. A sonda transferiu rochas da Lua para o orbitador em preparação para o retorno com as amostras para a Terra.
EUA precisam agir para poder competir com China no espaço, diz mídia - Sputnik Brasil, 1920, 16.03.2021
Simulação gráfica fornecida que mostra a combinação do orbitador-retornador da sonda Chang'e-5, da China. A sonda transferiu rochas da Lua para o orbitador em preparação para o retorno com as amostras para a Terra.

Essas conquistas são o resultado de investimentos de longa data, afirma a dupla. "Desde 2014, a China semeou pelo menos dez empresas de lançamento espacial com acesso a tecnologia anteriormente restrita, financiando-as por meio de investimento privado patrocinado pelo estado e 'independente' […]. O que diferencia a abordagem chinesa é a magnitude dos investimentos do governo em tecnologia, consistentemente na casa das centenas de milhões de dólares, em comparação com os de outras nações", escrevem os autores.

Investimento privado e público

Enquanto a economia da China oferece uma vantagem na aceleração de suas capacidades espaciais, os EUA são incomparáveis ​​em grande investimento privado e inovação associada, garantem os especialistas. Do total de capital de risco no mundo, 52% está em Washington, e em termos de capital de risco per capita, os EUA têm mais do que o dobro de qualquer outro grande país.

"Apesar dessa vantagem, o governo dos EUA só fez progressos graduais no envolvimento e incentivo dessas fontes de capital privado para apoiar de forma significativa tecnologias e recursos essenciais que se alinham com as prioridades de segurança nacional. Isso é especialmente verdadeiro no caso de tecnologias de longo prazo e de capital intensivo para espaço e hipersônica", comentam Pellicore e Nelson.

Os especialistas garantem que a capacidade do governo dos EUA de definir e comunicar melhor suas prioridades estratégicas de espaço para a indústria e, em seguida, apoiá-las com fluxos de receita consistentes, permitiria ao país capitalizar suas vantagens e ficar à frente da China. Dessa forma, a dupla propõe duas abordagens para a administração do presidente norte-americano Joe Biden.

© AP Photo / Andrew HarnikEm Washington, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, cumprimenta uma equipe da NASA pelo envio de uma sonda a Marte, durante chamada de vídeo, em 4 de março de 2021
EUA precisam agir para poder competir com China no espaço, diz mídia - Sputnik Brasil, 1920, 16.03.2021
Em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, cumprimenta uma equipe da NASA pelo envio de uma sonda a Marte, durante chamada de vídeo, em 4 de março de 2021

Programas de inovação e de dívida do governo

Os autores sugerem que, no curto prazo, o governo dos EUA melhore as condições das concessões de contratos por meio de uma proporção de correspondência de fundos entre um escritório de financiamento do governo central, o cliente governamental para o serviço ou produto e a empresa que cumpre o contrato.

A dupla cita como exemplo de sucesso dessa abordagem os programas AFWERX e STRATFI da Força Aérea dos EUA, que buscam promover uma cultura de inovação dentro da pasta.

"Em seu primeiro ano, o programa STRATFI emitiu US$ 200 milhões [aproximadamente R$ 1,1 bilhão] em financiamento do governo para 21 empresas, atraindo US$ 350 milhões [1,9 bilhão] adicionais em contrapartida privada. Escalar isso para níveis de financiamento de programas ainda mais ambiciosos é uma maneira rápida e eficaz de aproveitar a vantagem exclusiva do capital privado dos EUA", escrevem os autores.

A outra sugestão da dupla é a criação de criar programas de empréstimo doméstico que "permitiriam aos EUA implantar capital significativo para empresas que demonstraram tração comercial suficiente, mas ainda não estão em posição de se qualificar para um empréstimo privado padrão".

Dessa forma, os especialistas acreditam que os EUA seriam capazes de direcionar fundos para as principais prioridades estratégicas mais rapidamente e com risco mitigado em comparação com um veículo de contratação tradicional.

"Isso também poderia gerar um retorno positivo para os contribuintes por meio dos juros do empréstimo, ao mesmo tempo em que atendia às necessidades de capital intensivo das empresas espaciais. A estrutura para isso já existe e pode ser rapidamente dimensionada", garantem Pellicore e Nelson.

A dupla defende que essas soluções são projetadas para trazer novas empresas para o ecossistema do governo dos EUA, ao mesmo tempo que incentiva o capital privado a investir e apoiar empresas que trabalham em tecnologias críticas de segurança nacional.

"A seleção atual de incentivos e ferramentas deve ser melhorada para manter a lacuna cada vez menor de capacidade em domínios críticos, como o espaço, em relação a nações semelhantes, como a China. A perda dessas vantagens não só causaria danos econômicos significativos, mas também representaria uma ameaça à segurança nacional dos EUA no espaço e em todos os domínios de combate que dependem de recursos habilitados para o espaço", concluem os autores.

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