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Desrespeito e novas variantes contribuem para aumento de casos de COVID-19 no Brasil, aponta médico

© Folhapress / Eduardo AnizelliEquipe médica durante tratamento de paciente com COVID-19 em Bragança Paulista, no interior de São Paulo.
Equipe médica durante tratamento de paciente com COVID-19 em Bragança Paulista, no interior de São Paulo. - Sputnik Brasil, 1920, 06.03.2021
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O Brasil registrou na semana de 21 a 27 de fevereiro 8.244 novos óbitos causados pela COVID-19, o que representa um aumento de 11% no número de mortes contabilizadas na semana anterior.

Os números foram publicados pelo mais novo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado nesta sexta-feira (5). O resultado é o pior já registrado desde o início da pandemia. O pico anterior havia sido registrado na semana epidemiológica de 19 a 25 de julho de 2020.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o médico Sylvio Provenzano, ex-presidente do CREMERJ (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) e chefe do Serviço de Clínica Médica do Hospital dos Servidores do Estado (HSE), no Rio de Janeiro, explicou que, com os hospitais operando com capacidade máxima, é provável que o número de mortes cresça ainda mais nas semanas seguintes.

"Visto a situação que ocorre em diversas cidades do Brasil, em que prepondera o caos na saúde pública com a quase totalidade dos leitos já ocupados, as pessoas que por ventura vierem a adoecer não terão como ser tratadas minimamente. [...] A situação obviamente que vai ser caótica", disse.

'Desrespeito e novas variantes contribuem para aumento'

Segundo Provenzano, o aumento do número de casos e de mortes se deve, em parte, pelo desrespeito da população às medidas de distanciamento social.

"A gente vê em lugares de lazer, de forma totalmente desnecessária, em restaurantes, bares, quiosques na praia, as pessoas juntas, agarradas, abraçadas, bebendo, cantando, se beijando sem máscara. Inclusive indivíduos nitidamente pertencentes ao grupo de risco", disse.

Outro fator, para Provenzano, é a disseminação de novas variantes do SARS-CoV-2 pelo Brasil. Em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (4), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fez um alerta sobre o avanço de variantes no país. Pesquisadores analisaram dados de oito estados. Em seis deles, mais da metade das amostras apresentou vírus que sofreram mutação.

"No Brasil já foram detectadas quatro mutações e, portanto, existem quatro cepas do SARS-CoV-2. Tudo indica que uma das cepas é um pouco mais infecciosa, como se fosse possível ser mais contagioso que o original. [...] Com relação a uma maior letalidade não temos ainda informações que nos permitam afirmar se isso de fato é verídico ou não. Esperamos que não, mas o que impede?", disse o ex-presidente do CREMERJ.

'Lockdown freia disseminação, mas efeitos colaterais também são preocupantes'

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) fez um apelo nacional, nesta segunda-feira (1º), para tentar frear a pandemia de COVID-19. Em carta, os secretários estaduais pediram um pacto nacional, com medidas como toque de recolher e fechamento de escolas, praias e bares, para evitar um colapso no sistema de saúde do país com o avanço da transmissão da doença.

​Para Provenzano, o lockdown ajuda a diminuir o número de casos, mas é preciso ficar atento aos efeitos colaterais de medidas restritivas.

"O lockdown tem como única finalidade reduzir a circulação de pessoas para evitar o contágio e, assim, diminuir o número de pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 para que o sistema de saúde possa respirar e não ficar sufocado com uma demanda muito grande. Mas temos que ficar atentos aos efeitos colaterais [do lockdown] que não são poucos", completou.

Segundo o especialista, as medidas restritivas podem causar prejuízos para a saúde mental da população, assim como afetar a economia.

O boletim divulgado pelo consórcio dos veículos de imprensa nesta sexta-feira (5) mostrou que o país registrou 1.760 mortes pela COVID-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 262.948 óbitos. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 1.423.

Em casos confirmados, desde o começo da pandemia, 10.871.843 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 75.337 desses confirmados no último dia.

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