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Com casos espalhados pelo Brasil, cepa britânica seria mais perigosa? Cientistas explicam

© AP Photo / Matt DunhamHomem anda com máscara no Reino Unido
Homem anda com máscara no Reino Unido - Sputnik Brasil, 1920, 25.02.2021
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A variante do novo coronavírus detectada inicialmente no Reino Unido já está presente em, pelo menos, 16 cidades de oito estados brasileiros.

A conclusão é de um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela rede Corona-ômica, criada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para o sequenciamento do novo coronavírus no Brasil.

Apesar de ser uma variante mais transmissível, não há dados que mostrem que a chamada cepa britânica seja mais letal ou que cause uma COVID-19 mais severa. Fernando Spilki, que é doutor em genética e biologia molecular, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e atual coordenador da rede Corona-ômica, explica que há, de fato, um pico de casos de COVID-19 mais graves no Reino Unido. Segundo o especialista, no entanto, estudos da Universidade de Oxford mostram que a causa do aumento de casos não é motivada diretamente pela natureza da mutação inglesa do novo coronavírus.

"Os estudos dão conta de que o maior número de quadros em nível mais grave se dá justamente pela condição de muitos casos ocorrendo ao mesmo tempo, o que aumenta a possibilidade, pelo número, de ocorrerem quadros de maior gravidade", explica Spilki, em entrevista à Sputnik Brasil.

Assim como Spilki, o biólogo e professor da UFMG Renan Pedra de Souza afirma que o que se sabe, com certeza, até agora sobre a variante britânica é que ela apresenta uma maior chance de infectar mais pessoas.

"A gravidade da COVID-19 tem muito mais a ver com o indivíduo [que contrai a doença] do que com a linhagem com a qual ele é infectado", diz Souza, em entrevista à Sputnik Brasil.

As cidades brasileiras onde a variante britânica foi encontrada são: Belo Horizonte (MG), Betim (MG), Araxá (MG), Barbacena (MG), Rio de Janeiro (RJ), Campos dos Goytacazes (RJ), Curitiba (PR), Cuiabá (MT), Primavera do Leste (MT), Aracaju (SE), São Paulo (SP), Americana (SP), Santos (SP), Valinhos (SP), São Sebastião do Passe (BA) e Barra de São Francisco (ES).

Spilki explica que, para encontrar locais onde há novas cepas, os cientistas apostam em cidades que apresentam rápido aumento do número de casos, "algo que é bastante característico destas variantes".

Com casos espalhados pelo Brasil, cepa britânica seria mais perigosa? Cientistas explicam - Sputnik Brasil, 1920, 25.02.2021
Primeira imagem da cepa britânica do SARS-CoV-2

Vacinas são eficazes contra a cepa britânica, afirmam especialistas

Ambos os pesquisadores explicam que a variante britânica já se mostrou sensível aos imunizantes que têm sido aplicados mundo afora. Spilki explica que há estudos que apontam uma pequena perda de eficácia na vacina – o que significa que, mesmo vacinadas, algumas pessoas tendem a desenvolver COVID-19 quando infectadas pela variante britânica. A boa notícia é que as vacinas continuam eficazes para reduzir casos graves da doença.

"De todas as variantes já descritas a única que já temos resultados que confirmam alteração mais alta na eficácia da vacina é a linhagem da África do Sul", diz Souza, que é um dos autores do estudo que mostram a detecção da variante britânica em cidades brasileiras.

Uma das razões pela qual a cepa britânica é mais transmissível é que, mesmo vacinados, indivíduos podem contrair e transmitir o novo coronavírus. Como consequência, a presença desta variante onde há populações com baixa vacinação, como é o Brasil, pode resultar em um estágio mais grave da pandemia, por conta da ocupação de hospitais.

"Então seria o momento, efetivamente em virtude das variantes, de intensificarmos a vacinação", alerta Spilki.
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