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Venda de remédios sem eficácia contra a COVID-19 dispara: ivermectina tem salto de 557% no Brasil

© Folhapress / Fábio VieiraLambe-Lambe do presidente Jair Bolsonaro oferecendo cloroquina para ema é visto na rua da Consolação, região central de São Paulo, 11 de setembro de 2020
Lambe-Lambe do presidente Jair Bolsonaro oferecendo cloroquina para ema é visto na rua da Consolação, região central de São Paulo, 11 de setembro de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 04.02.2021
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Remédios associados ao suposto "tratamento precoce" contra a COVID-19 – que não têm, de fato, nenhuma eficácia científica comprovada – tiveram um salto nas vendas no último ano no Brasil.

O maior aumento foi o da ivermectina: de 8,1 milhões de doses vendidas em 2019, o remédio saltou para 53,8 milhões de vendas em 2020 – um salto de 557% no Brasil. O remédio é um antiparasitário, indicado apenas para combater vermes, ácaros e parasitas, em casos como os de sarna e elefantíase.

Os dados foram publicados pelo G1 nesta quinta-feira (4), em levantamento obtido pelo Conselho Federal de Farmácia. A hidroxicloroquina, que ficou famosa por receber o incentivo do presidente Jair Bolsonaro, teve um aumento de 113% nas vendas (de 936 mil unidades vendidas em 2019, saltou para pouco mais de dois milhões em 2020). Sem qualquer comprovação de eficácia contra a COVID-19, a hidroxicloroquina é usada, entre outros casos, no tratamento da artrite reumatoide e da malária.

Outros três remédios associados ao tratamento da COVID-19 também tiveram aumento nas vendas: a nitazoxanida (salto de 10%), a vitamina C (59%) e a vitamina D (81%). A nitazoxanida, apesar de estar sendo testada no combate à COVID-19, não tem qualquer eficácia comprovada. Ela é utilizada, entre outros casos, contra infecções virais causadas por rotavírus e norovírus (como são as gastroenterites) e contra parasitas como lombriga, solitária e oxiúros. O mesmo vale para as vitaminas: apesar de benéficas para o organismo, não há qualquer estudo que comprove sua eficácia contra o novo coronavírus.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) diz que não endossa o uso destes remédios, mas defende a autonomia dos médicos de prescreverem o tratamento que acharem mais adequado. Apesar da ausência de comprovação científica, 34,7% dos médicos brasileiros ainda acreditam que a cloroquina é eficaz contra a COVID-19. O mesmo levantamento, realizado pela Associação Médica Brasileira, mostra ainda que 41,4% dos médicos do Brasil confiam na ivermectina contra o coronavírus.

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