'Projeto falido': por que os F-35 americanos não servem para a guerra?

© REUTERS / Michael Spooneybarger / Foto de arquivoCaça furtivo F-35B da Força Aérea dos EUA em um hangar após a cerimônia de apresentação na base aérea de Eglin (foto de arquivo)
Caça furtivo F-35B da Força Aérea dos EUA em um hangar após a cerimônia de apresentação na base aérea de Eglin (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Enquanto o Pentágono afirma que somente um terço de seus F-35 está operacional, centenas de unidades já foram fabricadas, mas ainda sofrem uma série de problemas técnicos.

No papel os especialistas consideram que os EUA desenvolveram de fato uma aeronave de alta qualidade, contudo, ao que tudo indica, na prática alguma coisa deu errado.

Em uma declaração recente, a vice-secretária de Defesa dos EUA, Ellen Lord, confirmou a situação:

"Estamos atualmente com 36% de capacidade de execução completa de missão, e estamos nos esforçando para estar em 50% para a frota", publicou o portal DefenseNews as palavras de Lord.

Enquanto isso, a maioria dos F-35 funcionam em capacidade reduzida. Entre as razões estão problemas com a estrutura do avião e a incapacidade dos engenheiros norte-americanos em resolvê-los.

Ao longo da exploração do avião, surgiu uma série de problemas sérios com a cabine, o motor e a cobertura stealth de sua fuselagem.

Apesar das constantes tentativas de resolver os defeitos, o nível de prontidão para combate do caça continua crescendo de forma lenta. Além disso, os problemas estruturais aumentaram drasticamente nos últimos anos.

Ainda no início do mês, o Pentágono informou que não há um prazo determinado para finalizar a produção planejada dos F-35 devido ao fato de a aeronave não estar pronta para testes completos, sem considerar que, desde 2017, os planos foram alterados inúmeras vezes. Os testes deveriam ser completados até março de 2021.

Além dos problemas técnicos, os recentes eventos políticos nos EUA e a pandemia de coronavírus também trouxeram consequências negativas ao projeto. A questão da produção em massa ficou para a nova administração do presidente Joe Biden decidir, enquanto o futuro da aeronave ainda deverá ficar incerto por um bom tempo.

'Defeitos de nascimento'

De acordo com o especialista militar Aleksei Leonkov, os defeitos técnicos da aeronave "invisível" a acompanham desde o início de sua exploração.

"O último relatório do grupo de pesquisas do Pentágono identificou 871 defeitos. Eles foram divididos em grupos e subgrupos: os defeitos que podem pôr em risco a vida do piloto e os que não são críticos. Estes problemas são, particularmente, os relacionados à cobertura da fuselagem, fornecimento de oxigênio, ao sistema de controle por capacete e ao funcionamento do software", declarou à Sputnik o especialista.

Em particular, após alguns voos, ao atingir velocidade supersônica, algumas partes da fuselagem ficam danificadas. Foi determinado que a correção do problema seria impossível. Por esta razão, foi decidido que a aeronave deverá voar somente em velocidades abaixo da do som.

© AP Photo / Petros KaradjiasCaças norte-americanos F-35 (foto de arquivo)
'Projeto falido': por que os F-35 americanos não servem para a guerra? - Sputnik Brasil
Caças norte-americanos F-35 (foto de arquivo)

Entre os defeitos sérios figuram inesperadas oscilações da pressão da cabine, o que causa, além de dores, barotraumas, ou seja, lesões em órgãos do corpo humano devido à pressão.

Após a realização de algumas manobras no céu, os pilotos acabam perdendo o controle, não conseguem controlar os eixos lateral, vertical e longitudinal da aeronave.

"Nos EUA atuam determinadas estruturas de lobby, as quais tentam fazer dinheiro de todas as formas. Elas não consideram que no processo de criação de um armamento de alta tecnologia possam surgir diferentes tipos de defeitos, os quais será necessário corrigir durante a exploração", explicou o especialista.

Clientes é que não faltam

Apesar dos contratempos, a aeronave continua sendo adquirida por diferentes países. Cerca de 600 unidades já foram incorporadas pelos EUA e seus aliados.

Um dos últimos países a fechar um contrato de aquisição foram os Emirados Árabes Unidos, os quais deverão receber cerca de 50 aeronaves. Por sua vez, Israel pretende expandir seu número de F-35 para três esquadrilhas.

Atualmente o caça já é empregado pelo Reino Unido, Noruega, Coreia do Sul, Japão, Itália e Singapura. Os EUA planejam incorporar mais 3.000 unidades.

Segundo Artyom Kureev, especialista do clube analítico Valdai, Rússia, os EUA conduzem uma política de difusão da aeronave, mesmo quando seu governo não está contente com seus gastos.

"Trump, que repetidamente afirmou que o F-35 tem um preço exagerado e exigiu que o preço ou as compras para as Forças Armadas dos EUA fossem reduzidos, ele mesmo estava seguindo uma política de 'exportação de segurança', ou seja, ele tentou criar um sistema no qual os parceiros juniores da aliança gastam mais na defesa, fornecem a infraestrutura para as tropas americanas em seus próprios países e compram armamentos americanos. Em essência, este é um lobby estatal."

Kureev acredita que tal cenário não deverá mudar com a presidência de Joe Biden. Enquanto isso, os gastos com o projeto se aproximam de US$ 1 trilhão (aproximadamente R$ 5,3 trilhões).

A aeronave tem um valor inicial de US$ 90 milhões (cerca de R$ 477 milhões) por unidade, sem contar os gastos com armamento. Já a versão do F-35 de pouso vertical tem um custo inicial de US$ 120 milhões (R$ 640 milhões).

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