Iraque processa EUA na Suécia por uso de urânio empobrecido durante invasões do país

© AP Photo / Murad SezerDestroyed Iraqi military tanks and armoured vehicles are seen at a wreckage dump on the outskirts of Baghdad, Iraq, Sunday, June 8, 2003. The vehicles were removed from the streets of the capital by U.S. troops. Iraqi doctors and scientists are worried that birth defects and childhood cancers could surge in the afte
Destroyed Iraqi military tanks and armoured vehicles are seen at a wreckage dump on the outskirts of Baghdad, Iraq, Sunday, June 8, 2003. The vehicles were removed from the streets of the capital by U.S. troops. Iraqi doctors and scientists are worried that birth defects and childhood cancers could surge in the afte - Sputnik Brasil
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Nas campanhas dos EUA no Iraque entre 1990-1991 e 2003-2004 foi usado frequentemente o urânio empobrecido, substância altamente tóxica e radioativa contida em certos projéteis perfurantes de blindagem e outras munições.

O Iraque entrou com uma ação judicial contra os EUA por seu uso repetido de munições com urânio empobrecido (DU, na sigla em inglês) nas últimas décadas, inclusive contra as antigas instalações nucleares do Iraque, informou na terça-feira (5) a agência iraquiana al-Maalomah.

A demanda foi apresentada em 26 de dezembro em uma corte de Estocolmo, Suécia, por Hatif al-Rikabi, um assessor do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento iraquiano.

A demanda inclui uma exigência de indenização por bombardeios que visaram as antigas instalações nucleares do país nos anos de 1990 e no início dos anos 2000, bem como uma recompensa pelo uso de projéteis, bombas e mísseis contendo DU nas campanhas dos EUA contra o Iraque ao longo das décadas.

A equipe jurídica está buscando uma resolução da ONU que obrigue os EUA a pagar uma indenização.

Al-Rikabi disse à mídia que a ação judicial é o resultado de repetidos apelos à ação por acadêmicos iraquianos expatriados na França, Canadá, Dinamarca e Bélgica, que expressaram a vontade de ajudar a equipe jurídica, particularmente no que diz respeito aos bombardeios dos EUA contra instalações nucleares iraquianas.

"A maior calamidade é que o Estado iraquiano não levantou um dedo durante todos estes anos. Não limpou o país de contaminação, nem exigiu que a comunidade internacional obrigasse a América [EUA] e seus aliados a limpar a poluição ou exigir compensação", disse o alto responsável do Iraque, sugerindo que o país havia sido "morto três vezes", pelo uso do DU por parte de Washington, em 1991, 1999 e 2003.

Al-Rikabi diz que a contaminação nuclear afetou a vida de centenas de milhares de iraquianos, pois o DU está associado a cânceres, apoplexias e defeitos congênitos, entre outros grandes problemas de saúde, além de ser venenoso para o solo iraquiano.

Uso de urânio empobrecido

As Nações Unidas estimam que nos últimos 30 anos os EUA utilizaram pelo menos 2.320 toneladas de DU no Iraque, com a substância altamente tóxica afetando tanto os militares norte-americanos quanto a população civil iraquiana.

Segundo estimativas do governo iraquiano, as taxas de câncer no Oriente Médio saltaram de 40 casos por 100.000 pessoas em 1991 para 800 por 100.000, em 1995, e 1.600 por 100.000 em 2005. Foram relatados números particularmente altos de doenças em Bagdá, Basrah e Fallujah, cidades onde as forças norte-americanas usaram muito o DU.

Além do Iraque, os EUA e a OTAN usaram munições DU na Iugoslávia, em 1995 e 1999, e contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) na Síria em 2015.

Junto com os Estados Unidos, a URSS (e posteriormente a Rússia), o Reino Unido e a França utilizaram suas reservas de DU para fabricar munições perfurantes de blindagem. No entanto, somente os EUA e o Reino Unido usaram essas armas no campo de batalha, tendo o último país disparado cerca de três toneladas da substância durante a invasão do Iraque em 2003.

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