EUA não têm como defender ideia da 'tocha da democracia' no mundo, afirma Rússia

© Sputnik / Maksim Blinov / Acessar o banco de imagensVyacheslav Volodin fala na Duma da Rússia em 24 de dezembro de 2020
Vyacheslav Volodin fala na Duma da Rússia em 24 de dezembro de 2020 - Sputnik Brasil
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Funcionários russos disseram que o processo de transição democrática de poder nos EUA sofreu um revés com os recentes eventos, que demonstram uma clara polarização na sociedade norte-americana.

A legitimidade dos EUA na promoção da democracia além-fronteiras foi fortemente minada pelos mais recentes protestos e tumultos em Washington dos apoiadores do atual presidente Donald Trump, crê Vladimir Dzhabarov, senador da Rússia.

"Os americanos acabaram por receber em casa esse cenário de revoluções coloridas, que eles implementaram em muitos países, começando pelo norte da África [e] nos países da Ásia Central", segundo ele, adicionando que a metade da população norte-americana apoia Trump, enquanto outra metade apoia Biden e que, apesar de as acusações de fraude eleitoral pelo presidente norte-americano terem algum fundamento, é difícil afirmar inequivocamente quem tem mais razão.

Uma opinião semelhante é referida por Leonid Slutsky, presidente do Comitê de Assuntos Internacionais da Duma de Estado, que concordou que isso era uma "revolução colorida" aplicada no próprio país norte-americano.

"O tumulto no Capitólio, que interrompeu a aprovação oficial dos votos eleitorais no Congresso, certamente lança uma sombra sobre todo o processo de transferência democrática do poder", o que significa que os Estados Unidos já não podem impor padrões eleitorais a outros países e pretender terem o estatuto de "tocha da democracia" no mundo, diz.

"Esse é um assunto interno dos EUA. Entretanto, chamamos novamente a atenção para o fato de que o sistema eleitoral nos EUA é arcaico, ele não atende aos padrões democráticos modernos, criando oportunidades para numerosas violações, e a mídia americana se tornou uma ferramenta de luta política", comentou Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, aos repórteres.

"Desejamos que o povo americano amigo ultrapasse com dignidade este momento dramático de sua própria história", disse ela.

Simbolismo da invasão do Capitólio

Como apontou Anton Morozov, igualmente membro do Comitê de Assuntos Internacionais da Duma de Estado, trata-se da primeira vez que o Capitólio dos EUA é invadido desde 1814, quando tropas britânicas ocuparam e incendiaram esse edifício e a Casa Branca na cidade norte-americana, sugerindo que as eleições suscitaram questões quanto a sua legitimidade.

"As pessoas estão cansadas da estagnação, das mesmas pessoas no poder, querem renovação, e Trump tem representado essa versão de presidente tão fora do normal. As pessoas não querem se despedir dele com tanta facilidade", acrescentou o parlamentar.

Andrei Klimov, outro senador russo, afirma por sua vez que Moscou será acusada "também" pelos eventos que ocorreram na quarta-feira (6) na capital norte-americana, e dirão que os eventos provavelmente foram organizados pelos países adversários dos EUA.

"É claro que a Rússia será acusada também disso, de estar por trás desses tumultos, que é quem os organizou, não duvido disso de forma alguma. Mas estamos prontos para isso", disse ele à Sputnik, acrescentando que a China também poderá ser acusada de ser a "causa de todos os problemas e males".

Quatro pessoas morreram durante tumultos organizados por manifestantes pró-Trump na quarta-feira (6), em Washington, em aparente protesto contra os resultados oficiais das eleições presidenciais de 2020, tendo entrado nas instalações do Capitólio. O Congresso norte-americano acabou assim sendo evacuado durante certificação dos resultados, mas validou os votos do Colégio Eleitoral na quinta-feira (7), com 270 votos a favor do democrata Joe Biden.

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