Órgãos sexuais de peixes crescem devido a efeito inesperado das mudanças climáticas, diz estudo

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Cientistas descobrem espécie de peixe da Nova Zelândia que se beneficia de áreas naturalmente ricas em dióxido de carbono (CO2). O CO2 aumenta os recursos das presas e "melhora a aptidão" da espécie, dizem os especialistas.

Uma pesquisa da Universidade de Adelaide, na Austrália, descobriu que algumas espécies de peixes terão maior capacidade reprodutiva devido a órgãos sexuais maiores, em consequência dos oceanos mais ácidos e ricos em dióxido de carbono (CO2). Os resultados foram publicados na revista científica PLOS Biology.

Os cientistas observaram melhorias na espécie de peixe Forsterygion lapillum, comum na costa da Nova Zelândia, em pontos ricos de CO2 ao longo de três anos e descobriram que a população biologicamente "oportunista" capitaliza as melhorias nos ecossistemas aquáticos para desenvolver órgãos sexuais maiores, que contêm mais espermatozoides e óvulos, aumentando a probabilidade de reprodução bem-sucedida.

© Foto / Public Domain / Milford SoundNova Zelândia
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Nova Zelândia
"O aquecimento dos oceanos absorve cerca de um terço do CO2 adicional liberado na atmosfera pelas emissões de carbono, causando a acidificação dos oceanos […]. Sabemos que muitas espécies são afetadas negativamente em seu comportamento e fisiologia […]. Mas descobrimos que nesta espécie de peixe temperado, tanto machos quanto fêmeas, tinham gônadas maiores sob condições de acidificação do oceano. Isso significava aumento de ovos e produção de esperma e, portanto, mais descendentes", explica Ivan Nagelkerken, autor principal do estudo, citado pelo portal Phys.org.

Os pesquisadores descobriram ainda que não houve efeitos negativos da acidificação do oceano para a espécie analisada. As gônadas maiores não tiveram um custo fisiológico.

"Descobrimos que os machos comiam mais […]. Também descobrimos que havia mais machos maduros sob elevada [concentração de] CO2 e, nesta espécie em que são os machos que cuidam dos ovos, isso significa que temos mais pais cuidando dos ninhos, o que poderia aumentar a descendência", comenta Nagelkerken.

Sean Connell, coautor do estudo, por sua vez, afirma que a pesquisa mostra que algumas espécies, mais dominantes, como a Forsterygion lapillum, serão capazes de "capitalizar as mudanças nos ecossistemas" sob a acidificação dos oceanos, aumentando sua população. Isso porque os cientistas descobriram que outras espécies de peixe menos dominantes não mostraram esse efeito de produção reprodutiva, talvez devido à sua natureza menos competitiva.

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