Como EUA podem acelerar capacidades de defesa para 'acompanhar ritmo' da China e Rússia no Ártico?

CC BY-SA 3.0 / Timo Palo / Teadlased jäälCalotas polares do Ártico vistas a partir do quebra-gelo chinês Xue Long
Calotas polares do Ártico vistas a partir do quebra-gelo chinês Xue Long - Sputnik Brasil
Nos siga no
EUA, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Nova Zelândia, Noruega e Suécia fazem parte da iniciativa ICE-PPR, que cobre o oceano Antártico, bem como a região do Ártico.

Em 27 de novembro, entrou em vigor o memorando de entendimento do Programa de Engajamento Cooperativo Internacional para Pesquisa Polar (ICE-PPR, na sigla em inglês). O documento estabelece disposições gerais que se aplicam à pesquisa básica para desenvolvimento, teste e avaliação para melhorar as capacidades dos países parceiros para o sucesso e operações seguras em áreas polares. Se os EUA aproveitarem ao máximo o acordo, ele estabelecerá as bases para Washington corrigir lacunas em uma área crítica, defende Chris Bassler, diretor do Programa de Cooperação em Ciência e Tecnologia Naval do Escritório de Pesquisa Naval (ONR, na sigla em inglês) dos EUA, em artigo no portal Defense News.

"À medida que a navegação comercial, o turismo e a competição por recursos aumentaram nas regiões polares na última década, também aumentaram as atividades militares russas e chinesas […]. Os EUA, porém, não conseguiram acompanhar o ritmo", reconhece Bassler, que acredita que os EUA têm a chance agora de acelerar o desenvolvimento na região.

Cooperação multinacional

Além dos EUA, outros seis países participam do ICE-PPR: Canadá, Dinamarca, Finlândia, Nova Zelândia, Noruega e Suécia. O ICE-PPR é o primeiro esforço multilateral focado especificamente na cooperação em locais de alta latitude e clima frio em todo o mundo e é uma resposta direta ao aumento da competição de grande potência nas regiões polares.

© Sputnik / Pavel Lvov Fissura de gelo no Oceano Ártico
Como EUA podem acelerar capacidades de defesa para 'acompanhar ritmo' da China e Rússia no Ártico? - Sputnik Brasil
Fissura de gelo no Oceano Ártico

O esforço ICE-PPR, que cobre o oceano Antártico, bem como a região do Ártico, cria um fórum colaborativo no qual as sete nações participantes podem iniciar, conduzir e gerenciar projetos de pesquisa polar, bem como providenciar material de apoio e compartilhamento de equipamentos.

China e Rússia estão ativos na região

A China está cada vez mais presente nas regiões polares, destaca Bassler. O país "se envolveu na pesca ilegal, tentou comprar minas de minerais de terras raras na Groenlândia, tentou estabelecer novos portos de embarque na Islândia, está adquirindo quebra-gelos pesados ​​com energia nuclear e delineou seu conceito para uma Rota da Seda Polar", afirma o diretor do ONR.

"A China também aumentou o número de bases de pesquisa na Antártica, criando o potencial para a Antártica se tornar uma versão paralela baseada em terra das atividades que se desenvolveram no mar do Sul da China", garante Bassler.

Por outro lado, o especialista destaca que as tensões na região aumentaram devido aos voos de bombardeiros russos e ao assédio de pescadores dos EUA. "A Rússia está instalando mísseis em quebra-gelos e afirma ter construído mais de 475 postos militares no Ártico. Também causou severa poluição do Ártico", diz.

© Sputnik / Anna Yudina / Acessar o banco de imagensQuebra-gelo acaba de trazer exploradores polares russos para o Ártico para implantar a nova estação flutuante SP-40
Como EUA podem acelerar capacidades de defesa para 'acompanhar ritmo' da China e Rússia no Ártico? - Sputnik Brasil
Quebra-gelo acaba de trazer exploradores polares russos para o Ártico para implantar a nova estação flutuante SP-40

EUA ficou para trás

Bassler relembra que desde a década de 1980, quando conduziu pela última vez operações sérias, sustentadas e abrangentes no Ártico, as capacidades dos EUA para regiões de alta latitude e clima frio atrofiaram. Como resultado, a Guarda Costeira norte-americana sofre com a escassez de quebra-gelos, as operações dos navios de superfície da Marinha são restritas em condições de gelo, as capacidades da Força Aérea dos EUA estão disponíveis apenas intermitentemente e ainda não há um único porto de águas profundas no Ártico dos EUA.

Todavia, o especialista argumenta que o ICE-PPR pode mudar o panorama de Washington na região. "Os EUA podem aprender com a experiência das nações polares da linha de frente, todas as quais se destacam quando se trata de capacidades de defesa, especialmente em regiões de alta latitude e clima frio. Os EUA devem cooperar com eles em missões polares críticas, como vigilância e reconhecimento, busca e resgate e resposta a desastres."

O ICE-PPR forneceria uma estrutura de cooperação estratégica para acelerar rapidamente as habilidades dos EUA e de nações com interesses semelhantes para preservar regiões polares seguras, estáveis e protegidas por meio de avanços na ciência, tecnologia e capacidade, acredita Bassler.

"Devemos estar preparados e proficientes em todo o espectro de competição de grande potência nas regiões polares. E se a dissuasão falhar, a cooperação através do ICE-PPR ajudará todas essas nações a serem capazes de lutar mais efetivamente juntas nas condições adversas das regiões de alta latitude e clima frio", conclui o especialista.

O ICE-PPR deve permanecer em vigor por 25 anos e permitirá o compartilhamento de interesses de longo prazo entre as sete nações participantes.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала