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Especialista avalia questão de empresas chinesas no 5G, após Mourão defender presença da Huawei

© AP Photo / Ng Han GuanMoradores usando máscaras verificam seus celulares perto de um anúncio de Huawei
Moradores usando máscaras verificam seus celulares perto de um anúncio de Huawei - Sputnik Brasil
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O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu essa semana que a Huawei e outras empresas chinesas possam participar do leilão para fornecimento de equipamentos para tecnologia de telefonia e dados 5G no Brasil.

Nas palavras de Mourão, essas empresas precisariam garantir respeito à privacidade dos dados. Será que as declarações do vice-presidente indicam uma possível mudança de posicionamento do governo brasileiro em relação à Huawei, visto que ele mesmo falou que "a eventual exclusão dessas empresas do leilão pode custar muito caro ao país".

A Sputnik Brasil conversou com Marcus Vinícius Freitas — professor visitante de Direito Internacional Público e de Relações Internacionais da Universidade de Relações Exteriores da China, sediada em Pequim. Ele acredita que a fala de Mourão evidencia uma maturidade do governo brasileiro em relação a esta questão.

"O caso vinha sendo tratado com base em um posicionamento ideológico em relação à China. Vemos que havia uma grande parte do governo que expressava certa antipatia ao que estava acontecendo na relação Brasil-China, mas que de fato não correspondia à realidade do aprofundamento do relacionamento bilateral", declarou o especialista.

Freitas disse que a questão da espionagem é uma realidade global, o governo brasileiro já foi espionado, inclusive pelos Estados Unidos. "O Brasil precisa desenvolver mais sua própria inteligência. Quem sabe, neste aspecto, essa mudança de posição de governo possa inclusive garantir uma mudança de atitude, visando a um incremento da colaboração bilateral neste ramo da inteligência e que pode gerar muitos benefícios para os dois países".

"Se a Huawei ficasse de fora do leilão do 5G no Brasil, seria um desastre para o país, porque nos condenaria a uma situação de atraso tecnológico ainda maior. O ensino on-line, por exemplo, não deslancha porque nossa base, nossa estrutura de Internet e de tecnologia está atrasada, elas precisam ser atualizadas. O Brasil tem tem sido pródigo em desperdiçar algumas oportunidades ou também passar anos discutindo questões sem a devida rapidez que essa situação global nos exige atualmente", avaliou Freitas.

Segundo ele, essas discussões sem fim somente atrasam o país, em uma época em que a agilidade e a capacidade de atuar rapidamente são elementos essenciais para o futuro do Brasil. "O arcabouço tecnológico da questão da telefonia celular em grande parte foi feito pela própria Huawei ou por outas empresas chinesas. Se a tecnologia da China é que vai possibilitar um salto qualitativo o mais rápido possível ela não pode ser ignorada", disse.

​Será que a eleição de Joe Biden nos EUA poderia ter influenciado nessa nova tendência do governo brasileiro de se reaproximar da China? De acordo com Freitas, "a China deve ser vista como um parceiro relevante, importante, não somente como um cliente que comprar nossas commodities. Os EUA nesse momento econômico mundial tem pouco a agregar para nosso país".

"Eu vejo que toda essa discussão vai muito além do aspecto meramente de proximidade ideológica ou pessoal entre o presidente do Brasil e o dos EUA. O relevante é que os interesses do Brasil com a China neste momento pode ser muito mais avançados e podem de alguma forma levar o país a começar a alterar algumas realidades atuais. Uma delas é como o Brasil vai deixar de ser um país de renda de US$ 10 mil e subir pra U$ 15 mil, como ele precisa se realinhar para isso? Parcerias diferentes a longo prazo vão ser cada vez mais relevantes para o país", finalizou o especialista.
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