Dez anos após maior vazamento do WikiLeaks, grupo afirma que publicação 'transformou o jornalismo'

© Sputnik / Justin Griffiths-Williams / Acessar o banco de imagensAção de apoio a Julian Assange, fundador do WikiLeaks
Ação de apoio a Julian Assange, fundador do WikiLeaks - Sputnik Brasil
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Em novembro de 2010, um grupo de denunciantes revelou mais de 250.000 documentos diplomáticos dos EUA, o que levou à instauração de processos legais contra Assange e Manning.

O grupo Não Extraditem Assange (DEA, na sigla em inglês) apelou na sexta-feira (27) por clemência a Julian Assange, fundador do grupo WikiLeaks, que está preso em Belmarsh, Londres, aguardando decisão sobre extradição para os EUA. A decisão deverá ocorrer em 4 de janeiro de 2021.

"Ele transformou o jornalismo na era digital. As publicações contribuíram significativamente para debates públicos e políticos em todo o mundo, tornaram-se valiosos recursos de referência para pesquisadores, universidades, jornalistas investigativos, defensores dos direitos humanos e advogados", afirmou o grupo em homenagem ao décimo aniversário da publicação de mais de 250.000 documentos diplomáticos dos EUA, em 28 de novembro de 2010, citado pelo portal State Watch.

"As publicações também revelaram que os governos classificaram em demasia informações e mantiveram segredos que deveriam ter sido sujeitos ao escrutínio e debate públicos e que revolucionaram genuinamente nossa compreensão da realidade política", aponta o DEA sobre o vazamento, oficialmente denominado de Cablegate.

Essas publicações incluíam, entre outras coisas, um vídeo da morte de civis e jornalistas em Bagdá, Iraque, durante um ataque aéreo dos EUA. Na sequência dos vazamentos de novembro de 2010, as autoridades norte-americanas, bem como a Suécia, anunciaram processos criminais contra Assange.

© Sputnik / Justin Griffiths-Williams / Acessar o banco de imagensAto contra a extradição de Julian Assange em Londres
Dez anos após maior vazamento do WikiLeaks, grupo afirma que publicação 'transformou o jornalismo' - Sputnik Brasil
Ato contra a extradição de Julian Assange em Londres

Depois de perder o processo de assédio sexual e após a decisão de extradição para a Suécia, de onde poderia ser levado aos EUA, o denunciante decidiu se refugiar em 2012 na embaixada equatoriana em Londres. Anos mais tarde, as acusações de assédio sexual foram retiradas.

Ao longo dos anos, o Equador foi limitando as condições de vida de Julian Assange, inclusive lhe desligando a Internet em 2018. Depois, as autoridades equatorianas exigiram sua saída da representação diplomática e, após anunciar uma violação das condições de asilo em abril de 2019, o fundador do WikiLeaks foi preso nesse mesmo mês, esperando uma decisão do tribunal sobre seu status legal.

Entre as revelações publicadas pelo Wikileaks em 2010 houve um vídeo de civis e jornalistas mortos em Bagdá, Iraque durante um ataque aéreo dos EUA.

Das 251.287 mensagens diplomáticas de novembro de 2010, nenhuma era considerada ultrassecreta, apenas cerca de 15.000 tinham a classificação de secreta, com as restantes sendo consideradas menos importantes.

Posteriormente, o portal do WikiLeaks publicou documentos norte-americanos sobre quase todos os detentos da prisão de Guantánamo, expôs mais de 160 empresas de vigilância em massa, revelou relatórios sobre as atividades da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, bem como o arquivo da plataforma de inteligência geopolítica Stratfor dos EUA.

Provavelmente o evento mais importante do WikiLeaks foi o vazamento de documentos comprometedores para o Partido Democrata dos EUA na segunda metade de 2016, antes das eleições presidenciais no país norte-americano, que indicaram um favorecimento da candidata Hillary Clinton, em detrimento de Bernie Sanders, e que poderiam ter contribuído para sua derrota final contra Donald Trump.

Como resultado da publicação, as agências de inteligência norte-americanas disseram "com um alto grau de confiança" que os documentos publicados pelo WikiLeaks foram roubados por hackers russos. A Rússia e o WikiLeaks negaram as alegações, mas muitos veículos de imprensa do país norte-americano acreditaram nas acusações e começaram a confiar menos na plataforma de vazamento.

Influência de Manning

Chelsea Manning, na época chamado Bradley Manning, ativista e denunciante político, foi um dos coparticipantes do vazamento, apesar de se ter limitado a copiar os dados e os enviar ao WikiLeaks. Mais tarde, ele revelou ter relações laborais com Assange, tendo sido preso em maio de 2010, em meio à publicação dos dados pela organização.

Para evitar ser condenado à morte por "ajuda ao inimigo" nos EUA, Manning admitiu dez das 22 acusações e pediu desculpa pelos atos, sendo assim condenado a 35 anos de prisão. Outra das dificuldades sofridas na época foi a sua mudança de gênero, completada finalmente em 2018, passando a se chamar Chelsea Manning. A denunciante acabou por tentar suicídio três vezes ao longo dos anos.

Em janeiro de 2017, Barack Obama, presidente dos EUA, reduziu a sentença para sete anos, levando à sua libertação em 17 de maio desse ano. Em fevereiro de 2019, ela foi chamada para novo processo judicial como testemunha contra Julian Assange e o WikiLeaks, ao qual se recusou a comparecer, levando a nova prisão.

Após nova tentativa de suicídio, Chelsea Manning foi libertada pela última vez em 12 de março de 2020, se encontrando neste momento em liberdade.

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