Ceticismo cresce sobre a eficácia da vacina contra COVID-19 da AstraZeneca

© REUTERS / Stefan WermuthLogo da companhia farmacêutica britânica AstraZeneca (arquivo)
Logo da companhia farmacêutica britânica AstraZeneca (arquivo) - Sputnik Brasil
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A incerteza aumentou sobre o destino da vacina da AstraZeneca após relatos de eficácia inconsistente. O produto, desenvolvido em colaboração com a Universidade de Oxford, é baseado no vetor adenoviral de macaco.

Segundo especialistas, a vacina ainda não provou sua eficácia e sofreu outro golpe, quando o chefe do programa operação Warp Speed dos EUA ​​revelou que a droga havia mostrado seu nível mais alto de eficácia em uma população mais jovem.

A impressionante eficácia de 90% da vacina foi alcançada em um grupo de pessoas, cuja idade não ultrapassava os 55 anos, pois também receberam meia dose antes de um reforço da dose completa. Nesse ínterim, quando testado em um grupo de participantes com mais de 55 anos, a eficácia caiu pouco menos de um terço, para 62%.

"Há uma série de variáveis ​​que precisamos entender e qual tem sido o papel de cada uma delas em alcançar a diferença de eficácia", disse Moncef Slaoui à Bloomberg, comentando os resultados dos testes.
© REUTERS / Dado RuvicVacina AstraZeneca
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Vacina AstraZeneca

Pesquisadores da Universidade de Oxford dizem que não sabem qual é a razão por trás da eficácia inconsistente, mas vão investigar o caso em um futuro próximo.

Apropriado para países menos desenvolvidos

Os resultados dos testes assustaram os cientistas. Geofrey Porges, analista do SVB Leerink, disse que a decisão da AstraZeneca de mostrar o mais alto nível de eficácia da vacina em pequenos grupos é um sinal de que a empresa quer promover o produto em países menos desenvolvidos.

"Eles já estão claramente posicionando o produto como apropriado para uso em países menos desenvolvidos, onde suas condições de armazenamento relativamente favoráveis [...] talvez sejam vantajosas", disse Porges ao portal MarketWatch.

"Não acredito que o FDA olhará positivamente para qualquer ensaio em que a dose, ou as faixas etárias, ou qualquer outra variável tenha sido alterada no meio do ensaio, inadvertidamente ou deliberadamente", disse Porges à Bloomberg.

Outro detalhe que lançou dúvidas sobre o destino da vacina da AstraZeneca é sua capacidade de proteção contra COVID-19. A empresa disse que sua ideia é 70% eficaz contra a doença, que já tirou a vida de 1,4 milhão de pessoas e infectou mais de 60 milhões em todo o mundo.

© Folhapress / Mateus Bonomi / AGIFAção de vacinação contra H1N1 no Ceasa de Brasília em 9 de novembro de 2020
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Ação de vacinação contra H1N1 no Ceasa de Brasília em 9 de novembro de 2020

Esse fato lança uma luz nada lisonjeira sobre a inoculação da AstraZeneca, já que dados fornecidos pelo Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, Pfizer e Moderna mostraram que suas vacinas são 95% eficazes. O Dr. Anthony Fauci, principal epidemiologista dos EUA e diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, estava preocupado com os resultados dos testes da AstraZeneca.

"Se for 70%, então temos um dilema. Porque o que você vai fazer com os 70% quando tiver duas [vacinas] com 95%?" Fauci declarou ao portal STAT News.

Em adenovírus humano é que confiamos

Outro grande ponto de preocupação com a vacina desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford é o fato de que ela é baseada no vetor de adenovírus de chimpanzé, um método nunca usado antes em vacinas. A questão já havia sido levantada por cientistas do Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, os quais avisaram que não havia estudos de longo prazo que demonstrassem a eficácia e segurança do método.

Por comparação, o vetor de adenovírus humano usado em vacinas desenvolvidas por outros países, incluindo na Sputnik V da Rússia, foi testado antes da pandemia de COVID-19 e provou sua eficácia. Tal método foi usado com sucesso em vacinas contra outras doenças, tais como na vacina para o ebola e MERS, outro tipo de coronavírus que emergiu no Oriente Médio.

​A última pesquisa realizada pela YouGov, empresa líder do Reino Unido em pesquisa de mercado e análise de dados, revelou que a Rússia é o fabricante de vacinas mais confiável (21%), seguida por EUA (15%) e China (13%).

Cerca de 73% dos entrevistados expressaram prontidão para serem vacinados contra o coronavírus, com nove em cada dez pessoas escolhendo uma vacina baseada no vetor adenoviral humano. Entrevistados de 11 países, incluindo Brasil, México, Nigéria, Arábia Saudita, Filipinas, Emirados Árabes Unidos e Vietnã, participaram da pesquisa. Foi conduzido em outubro, antes que os testes recentes mostrassem que a vacina tinha 95% de eficácia.

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