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Será que o Brasil está preparado para enfrentar 2ª onda de COVID-19?

© Folhapress / Pedro LadeiraMinistro da Economia, Paulo Guedes, durante evento no Palácio do Planalto
Ministro da Economia, Paulo Guedes, durante evento no Palácio do Planalto - Sputnik Brasil
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou recentemente que se houver uma segunda onda de casos de COVID-19 no Brasil o gasto do governo será a metade do que foi em 2020.

A nova onda de contágios pelo novo coronavírus já acontece na Europa e levou muitos países do continente a reforçar as medidas de isolamento social.

A economia brasileira apresenta dificuldades para retomar o crescimento, com taxas cada vez maiores de desemprego e perdas generalizadas por causa da pandemia. A crise afeta o bolso da população, que se reflete na mesa das famílias, devido à forte alta no preço dos alimentos.

© Folhapress / AgifMinistro da Economia, Paulo Guedes
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Ministro da Economia, Paulo Guedes

Em uma apresentação recente, o Ministério da Economia estimou que as medidas de combate ao novo coronavírus colocadas em prática pelo governo do presidente Jair Bolsonaro chegarão a 8,6% do PIB neste ano.

"Se uma segunda onda vier para o Brasil já temos os mecanismos. Digitalizamos 64 milhões de brasileiros. Então sabemos quem eles são, onde estão, o que precisam para sobreviver", disse o ministro na semana passada, ao participar de um fórum virtual promovido pela Bloomberg, conforme noticiou o Extra.

O que dizem os economistas?

O professor de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Oswaldo Ferreira Guerra, em entrevista à Sputnik, diz esperar que o ministro esteja certo, mas que temos que pensar em duas dimensões: a econômica e a política.

"É fundamental que o auxílio emergencial, que foi de R$ 600,00 no começo aqui no país, seja mantido, caso tenhamos efetivamente uma segunda onda de COVID-19, o que parece que vai ocorrer. Sem esse auxílio emergencial — para essa massa imensa da população brasileira que tem baixíssimos rendimentos ou rendimento quase nenhum — é difícil termos um melhor quadro", afirmou Guerra.

A Sputnik ouviu também o economista, Raul Velloso, consultor econômico e ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento no governo José Sarney.

Ele concordou com seu colega, afirmando que o dinheiro destinado à renda básica emergencial deve ser mantido, no mesmo valor que foi criado na origem, de R$ 600,00 por mês, e acrescentou: "Eu prorrogaria até o meio do ano que vem essa ajuda e aí prestaria atenção para ver como tudo reage. Só isso vai poder dizer o que fazer no momento seguinte", afirmou Velloso.

Guerra explicou que todos os países estão gastando mais nesse período de pandemia, e o Brasil não pode pensar diferente. Segundo ele, o auxílio é gasto em consumo pelas classes baixas, o que ajuda a economia do país a se movimentar, fato necessário nesse momento.

Politicamente falando, Guerra explicou que "para o país lidar melhor com a COVID-19, é necessário que o governo, especialmente o presidente da República, passe a ter um discurso menos irresponsável", porque ficar afirmando que a COVID-19 é uma gripezinha, é um "negacionismo que só contribui para que as pessoas pensem que estão vivendo em um período normal, quando não estamos vivendo em um período normal".

Desemprego e déficit público

Em relação ao desemprego crescente e dificuldades do empresariado, na opinião de Guerra o auxílio emergencial deve ser mantido no valor atual e se possível em um valor até mais alto, apesar da questão do déficit público, pois ele não defende que haja irresponsabilidade fiscal.

"Mas nesse momento estamos vivendo uma excepcionalidade, e todos os países do mundo estão injetando recursos na economia. Dada a taxa de crescimento que estamos vivendo aqui no país e dada a brutal desigualdade econômica é muito importante o auxílio", explicou o economista.

Segundo Guerra, se não houver uma eficácia das vacinas e o país não for capaz de vacinar sua população, a projeção de crescimento da economia para o ano que vem vai se reverter, infelizmente, e em 2021 o país vai ter um PIB negativo.

Ele avaliou que uma possível segunda onda de contágios pela doença nesse final do ano poderia representar para o país uma herança estatística para o próximo ano muito forte, e o impacto seria uma postergação da retomada da economia brasileira, dependendo da intensidade dessa segunda onda e da eficácia ou não das vacinas que estão sendo imaginadas.

Velloso avaliou que por mais incompetente que o setor público seja, o aprendizado do que ocorreu até agora sem dúvida alguma ajudará em uma segunda fase para reagir aos problemas da COVID-19.

"Em relação ao empresariado, o governo deve ampliar o crédito ao setor privado em geral, através do Banco Central, pois não é um dinheiro a fundo perdido, é um dinheiro que volta", explicou Velloso.

O consultor econômico declarou que não se deve temer um impacto negativo na economia, caso ocorra uma segunda onda de contágios, com medo de uma maior pressão inflacionária, pois a economia está bastante desaquecida desde o começo da crise causada pelo novo coronavírus.

Setor de agronegócio foi o menos afetado

Guerra avaliou que os setores mais afetados pela pandemia foram "a indústria e o comércio". Já o menos afetado foi o agronegócio, que teve uma capacidade de resposta muito positiva, porque se beneficiou do cenário internacional favorável e também de um aumento de demanda dentro do próprio país.

© AP Photo / Andre PennerAgronegócio brasileiro (foto de arquivo)
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Agronegócio brasileiro (foto de arquivo)

Velloso completou dizendo que os setores mais afetados pela pandemia são todos aqueles que não têm uma capacidade de se integrar com o resto da economia. "Já o agronegócio é aquele que devido à demanda interna e externa vai passar incólume por essa crise".

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