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Analista: rejeição a militares pode crescer com desgaste do governo Bolsonaro

© Folhapress / Zanone FraissatO presidente Jair Bolsonaro é acompanhado pelo general Ramos, durante a solenidade comemorativa do Dia do Exército na sede do Comando Militar do Sudeste, na zona sul de São Paulo, em 18 de abril de 2019.
O presidente Jair Bolsonaro é acompanhado pelo general Ramos, durante a solenidade comemorativa do Dia do Exército na sede do Comando Militar do Sudeste, na zona sul de São Paulo, em 18 de abril de 2019. - Sputnik Brasil
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O número de militares eleitos no pleito municipal de 2020 caiu mais de 10% em relação às eleições de 2016, apesar do número recorde de candidaturas de militares neste ano.

Há quatro anos, foram 693 os eleitos, enquanto, em 2020, foram 623, sendo 587 vereadores e 36 prefeitos. A redução geral foi puxada por conta da queda de 11% no número de vereadores eleitos (de 660 em 2016), já que, em termos de prefeitura, houve um ligeiro aumento (foram 33 há quatro anos). Mas até que ponto essa queda pode indicar uma perda de força política dos militares, muito presentes em cargos de destaque no governo federal desde o início do mandato do presidente Jair Bolsonaro? 

​Para o cientista político Ricardo Ismael, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), ainda é bastante expressivo o número de militares e policiais no legislativo municipal em 2020. A pequena queda observada, em sua opinião, poderia estar ligada a um desgaste da imagem dos militares por conta de sua participação maciça na administração Bolsonaro. Um desgaste ainda pouco significativo. 

"Eu entendo que ainda é possível dizer que policiais e militares têm, vamos dizer assim, hoje, um cacife para poder disputar as eleições, principalmente em cidades onde a questão da segurança pública está presente, ou seja, os problemas ligados à segurança pública estão ainda muito presentes no dia a dia da população."

O especialista acredita que ainda é muito cedo para se falar em crise da força política dos militares. Tanto pelos números ainda expressivos nas diferentes esferas de poder como pelo fato de as pautas identificadas com esse grupo ainda estarem muito em destaque.

"Um contraponto é esse desgaste que o governo Bolsonaro sofreu e, junto com o governo Bolsonaro, os militares que estão dando respaldo."

Ismael chama a atenção para o fato de essa preocupação com a segurança estar tão presente na cabeça dos eleitores a ponto de se refletir até nas eleições municipais, mesmo sendo de conhecimento geral que essa é uma atribuição do governo estadual. 

"Inclusive com candidatos, como aqui no Rio de Janeiro, a delegada Martha Rocha, que fez questão de colocar a 'delegada' no nome. Existe também em outros municípios alguma coisa parecida", destaca o professor, afirmando que essa estratégia de se utilizar nomes de cargos ligados à segurança pública tem ajudado muitos candidatos, por ser um tema de grande impacto eleitoral. 

© Folhapress / Andre Melo Andrade / ImmaginiMartha Rocha, candidata a prefeita do Rio de Janeiro, durante campanha no bairro de Ipanema em 6 de novembro de 2020
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Martha Rocha, candidata a prefeita do Rio de Janeiro, durante campanha no bairro de Ipanema em 6 de novembro de 2020

Pensando nas eleições de 2022 e 2024, o analista prevê uma permanência de grande contingente de candidatos militares e policiais nas disputas por cargos políticos. Para ele, esse número tende a reduzir à medida que forem vistas melhorias efetivas na questão da segurança urbana. 

"É claro que os problemas não são apenas na área de segurança pública. Quer dizer, é preciso que o governador, o prefeito consigam também reagir a uma agenda que está ligada à questão dos serviços sociais, está ligada à questão do crescimento econômico. De maneira que não é possível imaginar uma candidatura monotemática, que só fique martelando a segurança pública. Acho que, portanto, há espaço, sim, para outras candidaturas."

Ainda sobre o desgaste que os militares estariam sofrendo por conta de sua participação no governo federal, Ismael argumenta que, apesar das relações de altos e baixos e choques com o presidente da República, a tendência é que a categoria siga apoiando a administração Bolsonaro, por considerarem uma questão fundamental "mostrar que conseguem conviver com a democracia".

"Diferente, claro, daquela geração dos anos 1980, que tinha uma enorme rejeição aos militares, a rejeição agora é bem menor. Mas pode, sim, aumentar em função do desempenho do próprio governo Bolsonaro, do desempenho dos militares no governo Bolsonaro."
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