Recuperação da economia dos EUA enfrenta ameaça com ressurgimento da COVID-19, diz presidente do Fed

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O diretor do banco central dos EUA elogiou o apoio econômico aprovado até agora pelo Congresso para se recuperar da crise econômica provocada pela pandemia, mas se preocupa com o aumento de casos.

A economia dos EUA tem resistido melhor à pandemia do coronavírus do que a maioria no mundo apesar do número recorde de infecções e mortes no país, mas o ressurgimento de casos de COVID-19 entre os americanos é particularmente preocupante, disse o presidente do Sistema de Reserva Federal (Fed, na sigla em inglês), que é o banco central dos EUA, Jerome Powell.

"Conseguimos ultrapassar os primeiros cinco, seis meses da expansão [econômica] melhor do que o esperado, mas estamos vendo outro aumento nos casos [da COVID-19] à medida que o tempo frio chega e as pessoas estão mais dentro de casa", avisou Powell em uma coletiva de imprensa após uma reunião mensal de política no Fed.

"Portanto, acho que temos que ser humildes sobre onde estamos em relação a esta doença. Ela não foi embora. [...] O recente aumento dos casos de COVID-19 é particularmente preocupante", lamentou.

Em termos anuais, a economia dos EUA recuperou 33,1% no terceiro trimestre de 2020, depois de contrair 31,4% no segundo trimestre e 5% no primeiro trimestre.

Apesar da recuperação, as perspectivas econômicas para os EUA continuam pobres. Com o estouro de novas infecções por coronavírus em conjunto aos 9,5 milhões de casos já confirmados e mais de 234.000 mortes pela doença até o momento, pode ser difícil ter um panorama econômico otimista.

Além disso, os novos lockdowns impostos na Europa para combater a COVID-19 deverão restringir o comércio global e colocarão mais pressão sobre a economia americana.

Powell disse que os tratamentos desenvolvidos para a COVID-19 estão avançando, e que a pesquisa de vacinas estava progredindo. Ao mesmo tempo, as taxas de mortalidade e hospitalização estão diminuindo, porém ainda está longe de poder afirmar que os riscos foram eliminados.

Recuperação em risco de descarrilar

No aspecto econômico, ele observou que o investimento empresarial havia se recuperado desde o início da pandemia em março, enquanto o setor imobiliário parece ter se recuperado totalmente. Entretanto, o ritmo de melhoria no mercado de trabalho está moderado e as perspectivas para a economia são extraordinariamente incertas devido ao curso do vírus.

© REUTERS / Mike BlakeLoja fechada na Califórnia, EUA
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A economia norte-americana precisará de outro estímulo fiscal para lidar com as consequências da pandemia do coronavírus, disse o presidente do Fed dos EUA, embora ele também tenha dito que não era seu trabalho dizer ao Congresso o que fazer.

"O apoio fornecido pela Lei CARES [de assistência econômica] foi absolutamente essencial para apoiar a recuperação que vimos até agora, que em geral excedeu as expectativas, e eu acho que é provável que seja necessário mais apoio para a política monetária e fiscal", disse Powell.

Situação política

O governo dos Estados Unidos forneceu até US$ 5 trilhões (R$ 28 trilhões) em fundos de resgate desde março de 2020. A Lei de Auxílio, Ajuda e Segurança Econômica do Coronavírus (CARES, na sigla em inglês) foi aprovada no final de março e incluiu US$ 2 trilhões (R$ 11,2 trilhões), enquanto o Ato de Soluções de Emergência Coletivas para Recuperação da Saúde e da Economia (HEROES, na sigla em inglês) de US$ 3 trilhões (R$ 16,8 trilhões) foi adotado em maio.

Desde então, os dois lados têm bloqueado um ao outro em relação ao plano de ajuda subsequente.

O desacordo entre os dois partidos só piorou desde as eleições presidenciais desta semana, que colocou o presidente Donald Trump contra o democrata Joe Biden. A contagem eleitoral continua inconclusiva e não se sabe se Trump permanecerá no cargo por mais quatro anos ou se Biden vai substituí-lo.

Powell se recusou a comentar o impacto potencial da eleição sobre o estímulo, reiterando que cabe ao Congresso decidir o momento, a dimensão e quaisquer outros componentes do apoio fiscal para a economia.

No entanto, ele expressou otimismo de que o Congresso chegará a um acordo, dizendo que tem havido "muita discussão" entre democratas e republicanos sobre o assunto.

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