Huawei elabora plano ambicioso para contornar bloqueio de mercado de semicondutores dos EUA

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A empresa chinesa procura um caminho de saída em meio às restrições de exportação de chips impostos por Washington, que pretende retardar o desenvolvimento da China, diz mídia.

A gigante tecnológica chinesa Huawei planeja construir uma fábrica em Xangai, especializada na produção de chips. A instalação não utilizará tecnologia norte-americana e asseguraria o fornecimento ininterrupto de circuitos integrados para suas telecomunicações.

A fábrica será administrada pelo parceiro do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologias de Informação de Xangai, e contará com o apoio do governo municipal de Xangai, China, segundo informaram duas fontes ao jornal Financial Times. A instalação poderia ajudar a Huawei, que não tem experiência na fabricação de microcircuitos, a preparar o caminho para a sobrevivência a longo prazo, acreditam especialistas.

Inicialmente, a fábrica planeja produzir chips de 45 nanômetros de baixo custo, uma tecnologia que os líderes globais da indústria desenvolveram ao longo dos últimos 15 anos. No final de 2021, a Huawei espera ter criado circuitos integrados de 28 nanômetros mais avançados, revelam engenheiros e executivos da indústria próximos ao projeto.

O plano, de acordo com fontes, permitiria à Huawei manufaturar produtos que vão de TVs inteligentes a outros dispositivos que utilizam a Internet das Coisas (conceito que se refere à interconexão digital de objetos cotidianos com a Internet), sem se preocupar com as sanções dos EUA.

No final de 2022, o gigante de tecnologia chinesa pretende desenvolver seus próprios chips de 20 nanômetros que utilizaria para fabricar a maioria de seus equipamentos de telecomunicações baseados em 5G.

Desafios pela frente

Apesar destas melhorias, a nova linha de produção não ajudará no negócio de smartphones devido aos microcircuitos usados na fabricação destes dispositivos eletrônicos serem baseados em tecnologia mais avançada, disse um executivo da indústria de semicondutores ao Financial Times.

"Mas se [o projeto] tiver sucesso, ele pode se tornar uma ponte para um futuro sustentável para seus negócios, combinado com o estoque que construíram, que deve durar pelo menos dois anos", disse ele.

Mark Li, um analista da empresa de comércio e pesquisa Bernstein em Hong Kong, acrescentou que, embora fosse preferível que os chips utilizados pela Huawei para construir suas estações de base de rede móvel fossem de 14 nanômetros, também é possível utilizar os de 28.

© Foto / ARPA-EMicrochip (imagem de referência)
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O projeto poderia inclusive impulsionar as ambições da China de se livrar de sua dependência de circuitos integrados estrangeiros, particularmente da dos Estados Unidos, que procura retardar o desenvolvimento do país asiático como potência tecnológica, indica o jornal.

Para atingir este objetivo, Washington restringiu a exportação deste tipo de tecnologia em maio de 2020 e reforçou seus controles em agosto. As autoridades norte-americanas aproveitaram o domínio global alcançado pelas empresas nacionais no respectivo mercado para bloquear o fornecimento de semicondutores à Huawei, constata o Financial Times.

A gigante tecnológica chinesa já havia investido no setor de semicondutores, especialmente em operadoras menores, antes dos EUA iniciarem um ataque, apontou um executivo da indústria de chips. No entanto, embora a empresa procure equipar sua indústria nacional com maquinário exclusivamente chinês, vários analistas advertem que esse objetivo demorará anos a ser atingido.

"É mais provável que tal instalação funcione utilizando uma combinação de equipamentos fornecidos por diferentes fornecedores chineses, como a AMEC e a Naura, além de algumas ferramentas estrangeiras de segunda mão que possam ser encontradas no mercado", crê Li, acrescentando que produzir os chips chineses em um ambiente tão adverso poderia ser ineficiente e mais caro para a Huawei.

Apesar disso, a empresa poderia fazê-lo porque o volume de semicondutores que precisa desenvolver estações de base é muito menor do que se precisa para desenvolver produtos populares, como smartphones, teoriza a mídia.

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