Como navios chineses burlam regras de pesca nas águas da América Latina?

© AP Photo / Xinhua / Wang CunfuNavios de pesca chineses navegam perto de um farol no recife de Zhubi, nas ilhas Spratly, no mar do Sul da China, em 18 de julho de 2012
Navios de pesca chineses navegam perto de um farol no recife de Zhubi, nas ilhas Spratly, no mar do Sul da China, em 18 de julho de 2012 - Sputnik Brasil
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Analista avalia efeitos da crescente atividade de navios pesqueiros ilegais chineses, cada vez mais presentes nas zonas econômicas exclusivas de países da América Latina.

Estas ações se concentram na pesca ilegal de peixes em águas soberanas da América Latina, um feito que afeta a existência de espécies inteiras na região, avalia ao portal Newsmax Evan Ellis, analista e professor associado do Instituto de Estudos Estratégicos da Escola de Guerra dos Estados Unidos.

"A frota de águas profundas da China, que hoje em dia inclui mais de 17 mil navios, entra em uma ampla gama de condutas problemáticas nas águas da América Latina, entre elas a pesca sobrecarregada, a captura deliberada e acidental de espécies protegidas, o uso de redes de arrasto e outras práticas que aceleram o colapso da pesca, a contaminação por plástico e outros resíduos, e a entrada e a pesca não autorizadas em zonas econômicas exclusivas [ZEE] e em zonas marítimas protegidas da região", explicou Ellis.

Segundo o especialista, em 13 de outubro, foi apresentado um estudo sobre as frotas pesqueiras estrangeiras na América Latina no momento em que aproximadamente 340 navios pesqueiros, de maioria chineses, navegavam pela costa do Peru e do Chile, vindos de águas profundas do país asiático.

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Ainda assim, explicou que a demanda chinesa por peixes como o totoaba – devido ao efeito farmacológico semelhante ao da cocaína – praticamente causou sua extinção na zona do mar de Cortés, no México.

Por outro lado, Ellis acusou Pequim de negar de maneira contínua a existência dessas práticas, motivo pela qual se recusa a colocar um fim nelas. Ainda assim, reconheceu que, apesar das violações ao direito internacional "estarem bem documentadas" e existirem vários antecedentes sobre as atividades na costa do Equador e da Argentina, a geografia torna difícil e custoso proteger as águas latino-americanas de incursões chinesas.

"Os navios chineses e de outros países costumam apagar seus transmissores antes de violar as ZEE e as zonas marítimas protegidas, o que faz com que suas incursões ilegais sejam difíceis de provar", apontou.

Além do mais, o especialista salientou que as embarcações chinesas costumam descarregar em barcos de transporte de carga. Graças a este mecanismo, se abastecem de combustível no mar, evitando voltarem a portos latino-americanos, onde seu acesso pode ser controlado.

No final de julho deste ano, o governo do Equador expressou "desconforto" por estas incursões na zona protegida do arquipélago de Galápagos. Ante isto, Pequim "decidiu proibir a pesca de profundidade no oeste da reserva de setembro a novembro deste ano", assegurou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.

A disputa fez com que até mesmo o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que brindou seu apoio à postura do Equador, convocasse a China a "gerir melhor o meio ambiente".

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